A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), norte de Angola, anunciou hoje o fim das “relações e contactos” com a Presidência e o Governo português por “intencionalmente ignorarem o martirizado povo de Cabinda”
Em comunicado, tornado público hoje, a FLEC felicita Marcelo Rebelo de Sousa pela vitória nas presidenciais, recusando-se, no entanto, sublinha, a “ser cúmplice de uma hipocrisia que persiste desde 1975” anunciando por isso o “corte de todas as relações e contactos com as referidas entidades”.
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A FLEC, através do seu “braço armado”, as Forças Armadas Cabindesas (FAC), luta pela independência no território alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.
A direção política militar da FLEC/FAC recorda, refere o comunicado, que os diversos Presidentes da República portuguesa e respetivos governos “intencionalmente sempre ignoraram o martirizado povo de Cabinda e os sucessos apelos desta organização e da sociedade civil cabindesa”.
Os “diversos Presidentes da República e governos portugueses unicamente estabeleceram contactos e compromissos com a FLEC/FAC quando o interesse era exclusivamente de Portugal”.
A FLEC lamentou ainda que Portugal nunca tenha condenado Angola “pelas ininterruptas violações dos direitos humanos em Cabinda” e tenha apoiado “os três líderes da República de Angola desde 1975”.
O fim das relações com a Presidência e o Governo de Portugal, observa-se no comunicado assinado hoje por Jean Claude Nzita, porta-voz e responsável das relações internacionais da FLEC, não é extensivo à população portuguesa e a organizações não-governamentais locais.
“A DIREÇÃO POLÍTICA MILITAR DA FLEC/FAC CORTA TODAS AS RELAÇÕES COM A PRESIDÊNCIA PORTUGUESA E COM O GOVERNO PORTUGUÊS, MAS PERMANECE DE BRAÇOS ABERTOS À POPULAÇÃO PORTUGUESA E ÀS ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS QUE SEMPRE SE SOLIDARIZARAM COM O POVO DE CABINDA”, LÊ-SE NO COMUNICADO.
Esta organização, que anuncia igualmente a suspensão de todos os seus representantes em Portugal, a partir de hoje, reafirma ainda, no documento, “a honra de Cabinda e do seu povo partilhar um passado e herança histórica comum com Portugal”.
Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se e multiplicou-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC/FAC a manter-se como o único movimento que alega manter uma “resistência armada” contra a administração de Luanda.
Mais de metade do petróleo angolano, maior fonte de receitas do país, provém de Cabinda.
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