Dez milhões de dólares jogados no lixo: O caso dos balneários públicos cuja ‘culpa morreu solteira’

 


Na altura, o país já estava com apertos financeiros e anunciava-se uma grave crise logo a seguir. Mesmo assim, apareceu mais um “Chico esperto” em meio a tantos que eram os ditos governantes deste país. Desta feita foi o presidente da Comissão Administrativa de Luanda, José Tavares Ferreira, que teve a “boa” ideia de montar na urbe de Luanda 34 balneários públicos pela “módica” quantia de cerca de 10 milhões de USD.



Depois de tanto que se falou e escreveu sobre o assunto, em poucos dias, o resto dos ditos balneários acabaram jogados no lixo.



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Por não terem tido nenhuma serventia, já que duraram muito pouco, na altura, em face  aos novos ventos que sopravam em Angola, com a cruzada contra a corrupção, o roubo da coisa pública, a má gestão, o nepotismo, entre outros, várias foram as chamadas de atenção às autoridades para que investigassem o caso, mas que infelizmente viu a «cuja culpa a morrer solteira».


Entre diversos processos que foram instaurados em províncias como em Benguela, Huíla, Namibe, Cunene, Uíge e outras, com inúmeros dirigentes e funcionários que prestaram contas à justiça, incluindo pessoas que já estavam aposentadas, mas que terão prevaricado quando estavam no activo, tudo levava a crer que o problema dos ‘WC públicos’, que lesou o Estado e chocou a sociedade, merecesse o devido tratamento judicial e, os seus mentores, levados a tribunal.


Os 34 balneários públicos que foram instalados, de cem previstos, nos seis distritos urbanos que faziam parte do município de Luanda, sobretudo em zonas de maior concentração populacional, destacando-se o centro da cidade, estavam dotados de água potável e energia eléctrica, como garantiu na altura, José Tavares Ferreira. O acesso do público aos sanitários custava, na altura, o valor módico de dez Kwanzas para a sua manutenção. Nos dias actuais talvez o valor seria reajustado para 100 Kz.


Para inibir e identificar, sempre que necessário, casos de vandalismo, bem como de possíveis actos delituosos nos arredores e para ajudara Policia Nacional a esclarecer os delitos, os balneários tinham câmaras de vídeo-vigilância instaladas num determinado ângulo de captação de imagens, na entrada dos balneáriose e na parte exterior para detectar os vândalos.


Os sanitários foram inaugurados com pompa e circunstância por José Tavares e o então governador provincial de Luanda, Bento Bento, a sociedade luandense aplaudiu a iniciativa, considerando que, para além de Luanda ser uma cidade com graves casos no que toca à recolha de lixo e de saneamento, em todas as ruas, becos e qualqer canto da cidade, incluindo entradas de edifícios particulares ou públicos e nas escadas ou por baixo delas, que eram (são) usadas pelos citadinos para aliviarem-se de necessidades fisiológicas menores ou maiores, deixando esses locais bastante malcheirosos, por falta de ‘balneários públicos’.


Poucos dias depois, apesar das promessas de manutenção, etc, as estruturas metalizadas dos referidos balneários, já  completamente ‘canibalizadas’, abandonados,  fétidos, tendo deixado de cumprir com o objectivo que motivou a sua instalação, foram atiradas ao lixo, alegadamente por negligência e falta de cumprimento do que fora publicamente prometido.


Como foi dito na altura e continua a dizer-se, ninguém sabe na realidade como foi que unidades instaladas em 2014, acabaram em desuso em tão pouco tempo. Tiveram a duração de apenas três meses. Em contrapartida, o que mais espantou foi o astronómico valor que envolveu toda operação.


O projecto previa a instalação de cem unidades de fabrico esloveno, com cada uma a custar 70 mil dólares norte-americanos, com ligações à rede pública de água, luz, esgotos e ainda câmaras de filmar no exterior, como forma de inibir actos de vandalismo. Tudo ficou orçado em sete milhões de dólares e mais outras despesas de apetrechamento, ligações às redes públicas de esgotos, totalizavam cerca de dez milhões de dólares que, num piscar de olhos, foram jogados no lixo ali pelos lados da Chicala, num espectáculo deprimente.


Considerando que tal montante serviria para a instalação dos referidos cem balneários e apenas foram montados menos do que a metade, apenas 34, houve uma diferença de mais de cinco milhões de dólares. O que se questionou e continua-se a questionar é: para onde foi tanto dinheiro? Que explicação se pode dar ao facto de se instalar infraestruturas que serviriam o público, mas que não cumpriram com o seu objectivo e, num ápice, sumiram do mapa. De certeza que esses dinheiros foram parar no bolso de alguém.


Hoje, Luanda, a capital da República de Angola, não oferece possibilidades de qualquer pessoa, cidadão nacional ou estrangeiro, residente ou turista, poder satisfazer-se em hora de aperto fisiológico, o que se torna um complicado problema.


Por esta e por outras, em meio a tantos luxos e ostentação dos governantes, deputados, etc, a imagem do país segue manchada e Luanda continua a ser considerada uma das cidades mais atrasadas e sujas do mundo. Então, senhores da Procuradoria-geral da República (PGR), Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE), não conhecem a história? Se sim o que se pode ainda esperar desse crime de lesa-Pátria?


Jornal 24 Horas 



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