A história repete-se- Lukamba Gato



Acompanhamos a forma obstinada e implacável como Holden Roberto foi combatido em 1975 em Luanda. 


A propaganda rotulou os membros da FNLA de zairenses, antropófagos e gatunos (Samuel Abrigada). A razão foi apenas o facto da FNLA ter sido na altura, entre os 3 Movimentos de Liberação, o mais forte e mais poderoso, sobretudo no plano militar. 



A FNLA era uma ameaça real aos intentos de Agostinho Neto  que nunca aderiu de facto ao Acordo de Alvor, até expulsar os outros signatários da capital.


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Com o tempo, a UNITA que não teve outra alternativa senão retomar o maquis e resistir ao partido único, foi ganhando espaço, apoios e pujança até que passou a ter o controle de uma parte importante  do território Nacional, tornando-se assim numa verdadeira ameaça ao poder instalado em Luanda. 



A coberto do Acordo de Bicesse, voltamos 16 anos depois, ao convívio na nossa capital. Escusado seria descrever a forma como o nosso Leader, Jonas Malheiro Savimbi, foi combatido por todo o aparelho de Estado. Foi utilizado o método da diabolização ao extremo,   até um dos seus próprios filhos foi “utilizado” nessa mega operação de linchamento político, até a sua eliminação física em 2002. 


A partir deste período histórico, num esforço titânico de todos os seus membros, a UNITA colocou-se na lógica do seu crescimento e desenvolvimento num ciclo que levou cerca de 20 anos.

Depois do seu XIII Congresso em que os delegados "ousaram" eleger uma liderança que quebra o “status quo“ e inicia uma nova era na luta política num contexto em que também o partido maioritário se apresenta com novos actores e a Sociedade Civil vai dando sinais de grande vitalidade. 


Todo este cenário envolto num ambiente de pré-campanha eleitoral cria sem dúvidas um ambiente de tensões desnecessárias se interiorizarmos o facto de estarmos num país que se quer democrático e de Direito.

Mas como a história se repete.


Está novamente tudo pronto para passar à acção recorrente da diabolização de ACJ porque a UNITA volta a representar "uma ameaça real e extraordinária" para o partido no poder. 


Assim aplica-se a “máxima“ de sua Excelência o Comandante Geral da Polícia Nacional, sobre a resposta que o Estado tem de dar, em caso de ameaça: a DESPROPORCIONALIDADE na reacção. 


É absolutamente doentio, alucinógeno e sim!... DESPROPORCIONAL tratar um natural do município de Cinjenje na província do Huambo de cidadão estrangeiro. Essa DESPROPORCIONALIDADE nem mesmo para essa campanha serve.


O problema aqui não é bem uma questão de Nacionalidade, pois nesse nosso país, a dupla nacionalidade é como dar um salto aí a Barra do Kwanza...

Nem vale a pena falarmos desse assunto sob pena de nos desviarmos do essencial. 


Como dizia, o cerne do problema, o que aqui perturba é o facto da UNITA ter eleito um cidadão angolano mestiço para sua liderança. Este exercício da inteira responsabilidade dos seus membros, altera uma série de percepções que pesavam sobre a UNITA no novo contexto de luta.


Faz parte da cultura da UNITA assumir a defesa da sua liderança e não será diferente hoje com ACJ.


O meu apelo à classe política do país é o que tenho feito de forma reiterada que é mais diálogo, pensar Angola e mais cidadania. 


Aos membros da UNITA serenidade e a perseverança que aliás já se tornaram uma maneira de ser e estar nas lides da política.


A UNITA veio de longe e tem um legado a preservar e fazer vingar com o apoio dos angolanos o que exige grande abertura e um espírito dialogante.



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