Nomeado como Administrador do Município do Cazenga, pelo então Governador de Luanda, Job Castelo Capapinha, em principios de 2008, cargo que exerceu até 2018, Victor Natanael de Oliveira Guilherme Narciso, mais conhecido por Tany Narciso, foi apresentado formalmente aos munícipes a 10 de Março de 2008 pelo então Vice-governador de Luanda para Área Técnica, Bento Soito, que disse:
O novo administrador vem numa missão específica e definida para responder e corresponder na resolução de acções que visam sobretudo solucionar os problemas básicos da população.
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Os problemas da municipalidade são bem conhecidos e nesta nova etapa devem ser priorizados os que afligem a população.
Os negócios ilegais de Tany Narciso
Pouco tempo depois de ter assumido o cargo de Administrador do Município do Cazenga, Tany Narciso deu início a um processo que resultou na criação de uma extensa, complexa e quase impenetrável rede de negócios de quase todo tipo, que funcionou como uma máquina paralela de tributação, por um lado, e como esquema de saque e esbulho, por outro.
A referida rede abrangia todas unidades económicas, ou seja, todos os estabelecimentos comerciais do Cazenga, e não só, a saber: quiosques e casas de bebida, cantinas, mercados, armazéns, o Cemitério da Mulemba e outros.
A metodologia dos esquemas da rede consiste basicamente na cobrança de taxas paralelas e na subversão do processo tributário nos casos em que isto se afigura estratégico para a consecução de maiores rendimentos. O exemplo paradigmático é o das multas de estacionamento.
Deve ser também referido que Tany Narciso é sócio de uma quase infinidade de estabelecimentos comerciais em toda extensão do município, sendo que os mesmos gozam de uma espécie de «estatuto das empresas do administrador».
O negócio dos quiosques e das casas de bebida
Em toda a extensão do Município do Cazenga existem milhares de casas de venda de bebidas. Deste universo se destacam aquelas que, reunindo mínimos requisitos arquitectónicos e comerciais, estão abrangidas pelo sistema de tributação vigente no País, ao abrigo do Código Geral Tributário. Mas por que mencionamos os quiosques?
Pouco depois de Tany Narciso ter iniciado funções como Administrador do Município do Cazenga, passaram a ser construídos quiosques em determinadas ruas do município que, segundo justificação das próprias autoridades municipais, seriam espaços de venda de material escolar – meios didácticos e de ensino – e similares.
A explicação foi absorvida sem reservas pelos munícipes, principalmente pela localização de proximidade dos referidos quiosques a escolas, sendo um exemplo concreto o caso da Rua dos Comandos, (que possui a maior concentração de quiosques e um número considerável de escolas públicas, tais como a Escola do I Ciclo No 3029, a Escola Primária No 3048, a Escola a Escola do I Ciclo No 3049).
Tudo não passou, porém, de um esperto logro. Em vez de espaços de venda de livros, cadernos, lápis, borrachas etc., os quiosques passaram a ser centros de venda de bebidas alcoólicas, carne assada e outros produtos, tal como as designadas casas de vendas de bebidas.
O esquema consiste no seguinte: uma vez em posse de um contrato de exploração do quiosque, o respectivo titular do negócio era a obrigado a pagar um valor ao Administrador, fazendo-o chegar aos funcionários encarregues de fazer a colecta.
Este valor não era inferior a 5.000,00 (cinco mil) kwanzas e é mensal. O mesmo ocorria com os titulares de exploração das casas de bebida, as quais têm uma arquitectura multiforme, ao contrário dos quiosques localizados ao longo da extensão da Rua dos Comandos.
As casas de bebida são muito mais numerosas do que os quiosques.
O negócio das cantinas
O termo «cantina» neste estudo se refere a um espaço que, cumprindo, em grande ou menor medida, com os requisitos ou padrões mínimos do Ministério do Comércio, exerce actividade de venda a retalho de produtos diversos, tais como alimentos, meios de higiene e outros.
Isto obviamente não quer dizer que todas as cantinas tenham alvará, sendo este um facto-razão adicional que favoreceu a rede de negócios ilegais de Tany Narciso com as cantinas.
O negócio dos mercados
O Município do Cazenga possui um total de 14 mercados, sendo que 10 são de gestão pública e 4 são de carácter privado. Do total, destacamos: Mercado do Asa Branca, Mercado dos Kwanzas, Mercado da Tailândia, Mercado do Hoji Ya Henda, Mercado das Peças, Mercado do IFA e o Mercado do Kikolo.
Em cada um dos referidos mercados existe uma estrutura da Direcção dos Mercados e Feiras, que procede ao processo de fiscalização e arrecadação de receitas junto dos vendedores.
Existe também, porém, uma estrutura paralela, executada e gerida por cidadãos que os munícipes chamavam de «funcionários do Administrador». Estes cidadãos, nem todos munícipes do Cazenga, funcionavam de forma intrincada e são facilmente confundidos com os funcionários da Direcção dos Mercados e Feiras.
O negócio dos armazéns
Cazenga possui uma extensa rede de armazéns, sendo a maior a do Hoji Ya Henda.
Sendo estabelecimentos comerciais sujeitos ao óbvio pagamento de impostos, os mesmos representam uma importante fonte de arrecadação de receitas.
Mas também foram para Tany Narciso. Ou seja, tal como noutros casos, os armazéns enquanto empresas de comércio, pagavam dois tipos de tributo: o legal, pago à Administração Geral Tributária (AGT) e o ilegal, pago ao que designava-se de agência de negócios de Tany Narciso.
O negócio do cemitério
Tany Narciso não se limita a explorar as unidades económicas do Cazenga, ou seja, estabelecimentos que produzem riqueza no município, aqui brevemente descritas: os quiosques, as casas de bebida, as cantinas, os mercados e os armazéns.
O Cemitério da Mulemba (vulgarmente conhecido por Cemitério do 14) também é foi uma grande fonte de arrecadação de receitas para Tany Narciso.
O referido estabelecimento especializado no enterro de cadáveres é gerido pela Direcção dos Serviços Comunitários do Governo da Província de Luanda. Não é um estabelecimento comercial, mas o ex-Administrador do Cazenga, demonstrando possuir olho maior que a barriga – uma ganância doentia – fazia do cemitério uma espécie de fonte de arrecadação de receitas.
É de recordar que mesmo depois da divulgação deste relatório dos negócios milionários de Tany Narciso, o antigo Administrador Municipal do Cazenga, foi nomeado por Adão de Almeida, ex-ministro da administração do território e reforma do estado, MATRE, para exercer o cargo de consultor deste ministério.
Cortesia: Nuno Álvaro Dala
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2 Comentários
E ainda é o administrador sombra do Distrito Urbano da Maianga.
ResponderExcluirVocês precisam de investigar estas nomeações, principalmente a feita na Maianga. A juventude está triste, estão a matar os quadros locais.
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