GANHEI NO TOTOBOLA DO «KWENDA»- SALAS NETO

Os langas da «burla ao telefone» voltaram a me chatear neste fim-de-semana. No sábado de manhã, dei um chá sem assucar a um deles que me propunha já não sei o quê. Acabamos por ficar na conversa uns bons minutos. Perguntei-lhe se ainda havia gajos estúpidos o suficiente para caírem nos seus truques já bem conhecidos e ele disse que sim, embora cada vez com mais dificuldades. Depois já quis saber aonde é que eu morava, o que me forçou a lhe dar um corte, não sem antes apanhar que o rufia falava a partir do Uíje.

Não sei se os gajos não controlam para quem ligam, mas à noite alguém do grupo voltou a tentar, dando-me um bip, como é característico, parecendo hesitar no entanto, pois não atendeu nas duas vezes em que tentei retribuir a ligação. Mas só descobri que era a turma dos prémios no dia seguinte, depois de pedir à minha filha que ligasse para o tal número estranho (935463212). Falo com alguém, que desliga rapidamente, por suspeita de que algo não estava bem. Dou um tempo e volto a ligar já a partir do meu telelé quando eram quase 17 horas. Bingo!

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Do outro lado da linha, perguntam-me o nome e a morada. Dizem-me que já estavam a tentar entrar em contacto comigo desde as oito da manhã, uma vez que tinha ganho 110 mil kwanzas do «Projecto Kwenda», dinheiro que ainda podia levantar nesse dia caso me apressasse a cumprir os procedimentos necessários. Dão-me o número dum gerente do BNA, o sr. Pedro Filipe, que já estaria à espera da minha chamada. Este confirma o número do meu iban e manda-me arranjar um multicaixa o mais rápido possível.

Digo que dentro de 15 minutos estaria defronte dum terminal. Sinto os gajos a festejarem do outro lado da linha, coisa que finjo fazer pela fezada que acabava de ter, afinal 110 mil paus são 65 por cento do que recebo do INSS como pensão de reforma.

Passado o quarto de hora combinado, volto a ligar para o gerente do banco nacional, que me dá as instruções de como proceder diante do multicaixa: na pimpa, pois estava mbora na Galiana a mamar umas birinaites, cumpro tudo o que ele manda, põe assim, faz cozido e já está. É um número de telefone, seguido dum código de seis números (1 a 6), que se tem de repetir. Pronto. Era só esperar que a operação fosse processada para o dinheiro cair na minha conta.

Uns quarenta minutos depois, um novo bip. Eram os gajos, que nunca têm saldo, outra vez. Retorno a chamada. Do outro lado, alguém com ares de quem está zangado, me ralha: «O senhor António Manuel não fez tudo o que lhe mandei. Ainda está no multicaixa?». Digo que já não, batendo um coro que estava muito desiludido por o dinheiro não me ter caído na conta, conforme o prometido.

Sugiro que terá havido alguma incorreção, no que quase me é ordenado a voltar para o multicaixa para nova operação. Completamente desanimado por ver o dinheiro a fugir, peço encarecidamente ao sr. Pedro Filipe, gerente do BNA, para que voltássemos a fazer a operação só amanhã (hoje), por favor, pois é um dinheiro com o qual passei a contar, assim que me anunciaram que tinha sido premiado pelo «Kwenda».

Hoje, como não estava com pachorra para gastar saldo, nem dar uma de detective particular, já não voltei a ligar. Mas a polícia até hoje não consegue prender esses langas bandidos ou não há nenhum interesse nisso? Esses fidasputa já me chateiam há bué de anos.