Uma viatura “Top de gama” de marca Nissan Patrol, modelo V8, vulgarmente conhecida por “Obama” cor preta, matrícula LD-48-15 EB, foi dada como desaparecida no interior da Esquadra da divisão da Polícia do Talatona.
Consta que tudo terá ocorrido na sequência de um negócio mal sucedido.
ORIGEM DO NEGÓCIO.
Segundo o proprietário da luxuosa viatura, arquiteto e empresário identificado por, Mateus Muntufuanga, tudo aconteceu quando em dezembro de 2019, desprovido de recursos financeiros para desbloquear a um expediente urgente, foi-lhe aconselhado pelo general na reserva, Rui Agnelo da Rosa Batalha – a qual tem por consideração como um “amigo”- a contrair empréstimo a um cidadão chinês, Lio Liochuanjun, portador do passaporte n°E 43689197, visto de trabalho VA 9991453 aquém dizia ser sócio e advogado nas operações “empresariais?” que realiza em Angola. O valor pretendido era de 5 000 000,00 (cinco milhões de kuanzas) com a garantia de devolver, no prazo de trinta dias, 7 500 000, 00 (sete milhões e quinhentos mil kuanzas), quantia ampliada em função dos juros definidos nos termos do contrato elaborado no dia 29 do mês em causa. O general, enquanto facilitador do empréstimo, embolsava de comissão 500 mil kuanzas, correspondente a 10 por cento, do dinheiro emprestado.
O devedor, conta que o negócio previa a hipoteca da sua viatura “top de gama” que, conforme o termo de compromisso, ficaria estacionada no parque do hotel de Talatona, local onde se terá fechado o negócio. Avança que, no dia combinado para a recepção do dinheiro, o cidadão chinês, alegava falta de liquidez suficiente para entregar o valor acordado, tendo adiantado, numa primeira fase, somente dois milhões de kuanzas com a promessa de completar o resto nos dias seguintes. Mateus Muntufuanga, refere que, a situação não constituía obstáculo para si, pois, em função da necessidade, encaixou a verba, descontando desta, os 500 mil kuanzas da comissão do general. Justifica que, preferiu adiantar já o valor global da comissão, mesmo tendo recebido apenas do credor, metade do empréstimo, para evitar quebra de confiança na amizade com general. Decorridos alguns dias, no dia 05 de dezembro, confirma ter recebido mais dois milhões, perfazendo o total de 4 milhões.
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” Sempre recebia o dinheiro por intermédio do senhor Batalha. O chinês entregava ao Batalha e o Batalha é que me fazia chegar” esclarece o empresário que, na sequência dessa operação, alega ter dado mais alguns valores de comissão supostamente solicitados pela alta patente na reserva” Disse-me que precisava
dar a alguns homens que trabalham com ele. Achei algo normal, então, arranjei mais uma ‘gasosa’ que paguei em cima dos 10 por cento dos honorários definidos” disse.
Faltava um milhão de kuanzas para os cincos milhões solicitados em empréstimo. O empresário afirma que, do general Rui Batalha recebia a informação de que, o dinheiro tardava a chegar, devido a burocracia bancária que o chinês estaria a enfrentar para o levantamento do montante.
“Certo dia, o Batalha, ligou-me a dizer que, já havia recebido o dinheiro das mãos do chinês, mas que lhe tinha acontecido uma desgraça. Disse que, alguém invadiu o seu quarto e roubou-lhe o dinheiro” Frisou o empresário, adiantando que, só recebeu o valor em falta há poucos dias do fim do prazo do empréstimo.
” Recebi o um milhão que devia completar os cinco milhões, no dia 23 de dezembro. Pagou-me quase já a chegar o fim do prazo estabelecido. Não recebi no casino do hotel do Talatona, onde começou o negócio. Foi já no hotel Samba, ai junto antiga Hyundai, onde ele chamou-me para ir buscar o dinheiro” informou o empresário.
Para a sua surpresa, depois de pagar metade da divida, a viatura “top de gama” hipotecada, era vista exposta nas redes sociais para a venda. Revela que foi alertado por pessoas conhecidas.
” Constatei que as imagens foram feitas no parque onde tínhamos deixado a viatura estacionada e estavam publicadas na página do chinês” explicou o homem.
O empresário disse que chegada à data para o pagamento da dívida, solicitou ao general a conta bancária para transferir o dinheiro com o intuito de resgatar a sua viatura. Mas, sem resultados favoráveis.
” Liguei ao Batalha, disse-lhe: Dr. Já tenho o dinheiro em minha posse. Quero depositar para reaver a minha viatura. Vamos efectuar a transferência e eu levo o meu carro na hora” rematou o empresário que afirmou não ter encontrado objecção na reação do general, que mais uma vez, tranquilizou-o, pedindo para não estar preocupado.
E, como a viatura não era vista no estacionamento do hotel, o empresário, disse que questionou o general sobre o sucedido, mas este retorquiu que, o automóvel estava num local seguro, guardado pelo chinês para evitar o regaste à força do meio rolante.
” O chinês é muito desconfiado” alertou o general ao empresário.
O homem disse que, transcorridos dois dias desta conversa, voltou a ser chamado pelo general para um encontro, no complexo da TAAG. Mas desta vez, sublinhou, o general, seria o portador de uma suposta mensagem do cidadão chinês.
“Ele me disse que o chinês só queria receber o dinheiro em líquido. Eu lhe respondi que, isso era impossível devido a burocracia bancária. Chamei-lhe atenção sobre os assaltos que têm acontecido a saída dos bancos, lembrando-lhe inclusive que, por causa disso, a própria Polícia está a proibir as
pessoas de fazerem levantamento avultados” argumentou o empresário que, afirmou ter sugerido como alternativa, a possibilidade dos três (Ele próprio, o general e o cidadão chinês) deslocarem-se, juntos ao balcão do banco, no sentido de proceder ao levantamento do dinheiro, mas sob conta e risco somente da entidade militar e do chinês.
“A minha proposta, levou muito tempo para ser atendida”. Disse.
Reforçou que, enquanto tardava a resposta, tomou a iniciativa de estabelecer pontes para chegar ao chinês, mas sem sucesso. O objetivo, explicou, era conseguir o número da conta bancária do chinês para facilitar a transação da transferência da dívida.
“Fiquei nessa lenga-lenga por muito tempo. Só mais tarde, começamos a transferência na conta do BFA do general Batalha, mas o processo era muito moroso devido a diferença bancária. A transação estava a ser feita do BNI para o BFA e como a quantia era enorme, o processo fazia-se lentamente” assinalou.
O empresário/arquitecto, confirmou ter feito o pagamento numa conta que não era nem do chinês nem do general, mas de uma terceira pessoa envolvida a última hora no negócio pelo general Batalha.
“Como a conta do general era BFA, e ele mostrava-se indisponível para abrir uma nova conta no BNI, apresentou-me o senhor, Silvino Pambassangue, como seu amigo e colega de confiança, aquém incumpriu a tarefa de abrir uma conta no BNI onde seria transferido o dinheiro. A operação foi executada numa segunda-feira, 29 de janeiro, sendo que no dia seguinte, o dinheiro estava transferido” assegurou.
“A dívida foi liquidada mesmo sem qualquer garantia concreta da existência ou não da viatura, pós se desconhecia a sua localização” Observou.
O MISTÉRIO EM VOLTA DO DESAPARECIMENTO DA VIATURA
Dias depois de ter honrado o compromisso da dívida, o homem que alegava desconhecer ao certo, o paradeiro do seu veículo automóvel, deparou-se com o meio rolante a circular na via pública, numa clara violação, por parte do credor, ao acordo estabelecido entre as partes que, não previa o uso do
artigo hipotecado. Perante a flagrante violação do, comummente decidido, o empresário afirmou que, com vista a reposição da legalidade, de imediato, acionou os préstimos da Polícia Nacional, dirigindo-se a esquadra mais próxima do local onde a viatura foi vista a circular (Comando Municipal do Talatona), tendo os efectivos despoletado diligências que, resultaram na apreensão e retenção da viatura no local.
O homem asseverou que, nesta mesma data e ocasião, fez uma participação criminal contra o chinês por alegadamente, violar as regras do acordo. Deu-se abertura de um processo sob o registo n°5161/20- TLA, instruído pelo instrutor processual, Bento Francisco.
O empresário explicitou que, depois de alguns dias, tomou conhecimento que, a viatura luxuosa fora transferida para a esquadra do Kapalanga, em Viana sem o seu consentimento.
Elucidou que, tão logo se apercebeu da movimentação da viatura a uma nova esquadra, apressou-se em chegar ao local numa tentativa inglória de recuperação do seu património. Narrou que, posto na esquadra do Kapalanga, viu a viatura, mas ninguém se escusou a prestar qualquer esclarecimento sobre como a mesma fora aí parar, quem assinou o termo de entrega e recepção do veículo.
Após essa constatação e na desilusão de não ter tido nenhuma informação válida sobre a presença da viatura naquela esquadra, disse ter se ausentado do sítio, depois de ter feito algumas fotos ao carro, tendo regressado no dia seguinte, mas com a infeliz surpresa de não ver a viatura, no local onde a encontrara no dia anterior.
“Perguntei onde estava o meu carro. Disseram-me apenas que, foi levado, escoltado por uns agentes do SIC”. Recorda, aborrecido enquanto se mostrava perplexo com actuação da justiça no país.
No comando da policia no Talatona, nada também se dizia sobre o paradeiro do potentoso “Obama”.
Desconfiado de ter sido vítima de uma “máfia” desde o começo do negócio, o empresário, aflicto, decide lançar-se “busca solitária e desenfreada” a recuperação do seu objecto andante.
Alega que foi desta motivação que, veio a descobrir a localização da viatura, supostamente encontrada numa oficina mecânica de cidadãos asiáticos, nas proximidades da chamada “Ponte do
25”, município de Viana.
“Fui até lá, sem levantar nenhuma suspeita. Vi o carro. Como estava acompanhado de alguém, tiramos discretamente umas fotos que serviria como prova quando fossemos pedir ajuda da polícia. Vimos, estava tudo bem” constata.
Como desconfiava da cumplicidade da polícia, no dia seguinte, decidiu retornar a oficina, desta vez disposto a inquirir sobre quem teria deixado o carro naquele local. Sublinha que, para o seu espanto, avistou-se com uma viatura completamente descaracterizada.
” Encontrei um mecânico a tirar o motor do carro. Já tinham mudado a chapa de matrícula e tudo indicava que, estavam a colocar um novo motor no meu carro. Temos fotos e vídeos que ilustram essa acção” garante o homem que, pede responsabilização dos culpados.
” O meu carro, novo custa 90 milhões de kwanzas. Segunda mão 48 milhões” disse o empresário.
Perturbado com o cenário, recorreu a Rádio Despertar, para uma denuncia pública. A divulgação do caso, na quarta-feira, 26, tornou o assunto de domínio público, tendo para o efeito, suscitado interesse e curiosidades de sensibilidades várias.
Entretanto, se de um lado a denuncia tornou o assunto conhecido, por outro, parece ter precipitado uma nova operação dos supostos “mafiosos” que, apressadamente, terão removido para, parte incerta a viatura, como adiantou o proprietário após uma terceira visita a oficina em referência.
O SILÊNCIO DA POLICIA
A Polícia ainda não se pronunciou oficialmente sobre este caso, facto que coloca em situação de desespero o dono da viatura.
Quanto ao general Rui Batalha que, o empresário conta que, depois do assunto ter despoletado na imprensa com o envolvimento do seu nome, finalmente, compareceu no Comando Municipal da Polícia do Talatona, onde se recusava aprestar depoimentos na sequência de várias notificações alegando sempre falta de tempo. A fonte diz que, o general em causa, também havia sido notificado
pela procuradoria militar, mas desafiava a convocatória.
Enquanto isso, persiste o mistério da viatura “desaparecida” no interior de uma esquadra de Polícia.
Recorda-se que, o nome do general na reserva Rui Agnelo Batalha, não é a primeira vez que é associado a actos que configuram em “abuso de poder”. Recentemente, foi acusado de envolvimento num caso de esbulho e apropriação indevida de terrenos de camponeses, prática em que são citados outras antigas altas patentes. O caso mais polémico é litígio que se arrasta há nove anos entre “associação de camponeses Anandengue” e a cooperativa Lar do Patriota, detida por generais dentre
eles, o antigo Secretário-Geral do MPLA, “Dino Matross”.
Club-K
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