Policia Angolana suspende agentes que detiveram médico

O Comando Provincial da Polícia de Luanda (PN) anunciou, esta segunda-feira, a suspensão dos agentes envolvidos na detenção do médico Sílvio Dala, falecido na semana finda.

A vítima perdeu a vida a caminho do Hospital do Prenda, depois de um mal-estar no interior de uma esquadra policial, no bairro do Rocha Pinto, distrito da Maianga em Luanda.

O pediatra padecia de uma doença de base (não revelada), que, segundo a autópsia, teria sido a causa principal do mal-estar e da morte.

Conforme a versão tornada pública pelo porta-voz do Ministério do Interior, Waldemar José, o médico sofreu uma queda aparatosa no interior da esquadra e teve escoriações ligeiras na cabeça, mas a autópsia revelou que não sofreu agressão.

De recordar que a autopsia determinou que o médico teve morte "patológica" e não provocada.

Esta versão, tornada pública pelo Ministério do Interior, tem levantado dúvidas em vários círculos da sociedade, gerando críticas sobre uma eventual má abordagem da Polícia.

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As suspeitas, reproduzidas por várias figuras públicas, ganharam força depois da publicação de uma foto, nas redes sociais, em que o médico aparece no chão, em volta de bastante sangue.

Na sequência do caso, o Comando Provincial da PN abriu, igualmente, sindicância contra os agentes envolvidos na detenção, para apurar as circunstâncias da morte.

Segundo o Comandante Provincial da Polícia, Eduardo Cerqueira, os mesmos estão suspensos até ao final da averiguação.

Além da suspensão e sindicancia, o Ministério do Interior abriu inquérito e um processo-crime, que já corre trâmites na Procurador Geral da República (PGR).

Morte sob investigação
O ministro do Interior, Eugénio Laborinho, anunciou ontem, em comunicado, que foi movido já um processo- crime junto da Procuradoria Geral da República (PGR), para apurar as circunstâncias que estiveram na origem da morte do médico pediatra Sílvio Dala.

Segundo o ministro, que revelou- se constrangido com a morte do médico, disse que, por jovem dever de cautela, foi instaurado um inquérito para se aferir o que terá ocorrido na esquadra policial antes de o médico ter sido levado para o hospital do Prenda .

No comunicado, Eugénio Laborinho tranquilizou a família, informando que procedimentos estão a ser observados para apurar pessoas àqueles que eventualmente têm relação directa com a ocorrência.

Segundo ainda Laborinho, a morte prematura do médico Sílvio Dala não abalou sou a sociedade, em particular a classe médica, as ordens da ordem, mas pela forma repentina como ocorreram os factos.

(Por dentro do caso)

Segundo a primeira versão do Ministério do Interior, Sílvio Dala foi interpelado por um efectivo da Polícia Nacional, por não uso de máscara na sua viatura, e levado à esquadra.

A medida do efectivo da PN baseou-se no novo Decreto Presidencial sobre a Situação de Calamidade Pública, que impõe o uso obrigatório de máscara na via pública e no interior das viaturas, até as pessoais.

O desrespeito dessa norma é punível com multa, no valor de cinco mil kwanzas.

O porta-voz do Ministério do Interior, Waldemar José, afirmou, há dias, que o médico teria sido encaminhado para uma esquadra policial mais próxima, onde foram cumpridas todas as formalidades da elaboração do auto de notícia e a respectiva notificação de transgressão.

Pelo facto de esquadra não possuir mecanismo para o pagamento da multa de cinco mil kwanzas, disse, o médico terá ligado para alguém próximo para efectuar o respectivo pagamento e levar o comprovativo à esquadra.

Foi nesse período de espera, de acordo com o oficial comissário, que o cidadão terá começado a passar mal e desfalecido (desmaiou), embatendo com a cabeça no chão.

O mesmo, afirma, foi prontamente posto numa viatura das forcas de defesa e segurança que a levava para o Hospital do Prenda, no mesmo distrito, onde veio a falecer durante o trajecto.

ANGOP

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