A exigência feita por membros da família Neto aos órgãos de comunicação social e a sociedade no geral para dissocia-los dos escândalos de corrupção envolvendo o genro Carlos Manuel de São Vicente, está a ser rebatida em meios do regime com o argumento de que estes não podem “reclamar muito” porque através do antigo PCA das AAA, terão se beneficiado de fundos públicos, dentre os quais a injeção de 10 milhões de dólares para o arranque da Fundação Antônio Agostinho Neto (FAAN).
Durante muitos anos, a viúva Maria Eugenia Neto “Jeny” reclamava pela falta de apoio por parte do governo sobretudo para a criação da futura Fundação Agostinho Neto, a semelhança do que acontecia com José Eduardo dos Santos que tinha a sua FESA, e que a dada altura funcionava como um governo paralelo.
No seguimento de entendimentos entre as partes (família Neto e regime), foi indicado um antigo vice-ministro das relações exteriores Francisco Romão de Oliveira e Silva, próximo a família para se constituir emissário junto ao Governo.
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Com o falecimento de Francisco Romão, em Julho de 2004, as autoridades propuseram a Roberto António Víctor Francisco de Almeida para passar a ser o “testa de ferro” junto a família Neto, mas este declinou a missão. Como alternativa, a família indicou a filha Irene Alexandra da Silva Neto que passou representada pelo esposo Carlos Manuel de São Vicente.
Com a entrada de Carlos Manuel de São Vicente, na qualidade de “testa de ferro” da família, este exigiu das autoridades a quantia de 10 milhões de dólares para a constituição da tão augurada 'Fundação Agostinho Neto'. Ao nível do MPLA, uma corrente na qual se destacava a dirigente Joana Lina Ramos Baptista se opunha, a entrega de tal quantia a São Vicente que era visto como alguém que usava o nome da família Neto para aumentar o seu pecúlio pessoal.
Por fim, o então Presidente José Eduardo dos Santos (JES), cedeu as exigências e autorizou a entrega dos US 10 milhões de dólares ao genro de Agostinho Neto. “É estranho agora que a família veem reclamar quando a própria família deixou São Vicente usar o nome do clã para se beneficiar do Estado angolano”.
Fundada em Setembro de 2007, a fundação segundo o seu website funciona na Avenida António Agostinho Neto, Edifício AAA, 1ª Andar, Praia do Bispo. Anteriormente, funcionou num outro edifício na baixa de Luanda (no perímetro do MIREX), na rua Major Kanhangulo, 10, Luanda, arrendado pela seguradora AAA.
Dentro do seu trabalho em divulgar os feitos do malogrado Presidente, a fundação, colocou no mercado a obra “Agostinho Neto: Uma vida sem tréguas”. No prefacio, o editor Acácio Barradas (já falecido), escreveu que “Este livro formato 24x28cm com 221 páginas foi escrito com a colaboração de diversos autores que conheceram Agostinho Neto. Não tem “copyright” e foi patrocinado pela A.A.A – SEGUROS & PENSÕES.”
No dia 4 de Setembro, a Fundação Agostinho Neto (FAA) liderada pela viúva Eugenia Neto, negou que algum momento beneficiou de fundos indevidos do Estado. “A minha família nunca teve acesso a fundos públicos, nunca teve mais do que aquilo que está definido na Lei. Pelo contrário, durante longos períodos, até teve muito menos. Só recentemente o estatuto dos antigos Presidentes da República foi definido por lei”.
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