A Palanca TV e a TV Zimbo foram criadas com o rótulo de televisões privadas, mas nasceram e foram mantidas com dinheiros públicos. O Estado angolano rompeu a ligação e reserva-lhes futuros diferentes. Uma será transformada, outra vendida.
O que vai o Estado angolano fazer com os grupos de comunicação social que transferiu para a sua alçada no âmbito do processo de recuperação de ativos?
Na passada sexta-feira, a PGR entregou o grupo Interactive, dono da Palanca TV, ao Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social. Antes disso, em julho deste ano, a Medianova, detentora da TV Zimbo, havia conhecido o mesmo destino. Em qualquer dos casos a justificação para estas ações assenta no facto, não refutado pelos proprietários, de que os grupos foram constituídos “com o apoio e reforço institucional do Estado”, ou seja, personalidades influentes e com peso no aparelho estatal usaram fundos públicos para projetos privados.
Para já, subsiste o receio de instrumentalização destes grupos pelo governo. “Ao serem concentrados os meios de comunicação social para o Estado angolano, que não é amigo da democracia, da liberdade de expressão e opinião, não precisamos de fazer muito exercício mental para compreender que, este por si só, vai acabar por estreitar a liberdade de expressão dos grandes meios de massas”, afirmou André Mussamo, presidente do Instituto para a Comunicação Social da África Austral, à Rádio France Internacional.
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O reverso desta leitura é que os dois grupos, criados à sombra tutelar do ex-presidente da República, José Eduardo dos Santos, serviram um duplo propósito. Por um lado, transmitiam para o exterior a ideia da existência de comunicação social privada descomprometida com o poder, por outro, apoiavam implicitamente o Estado que os financiava.
A mudança substantiva foi a eleição de um novo Presidente da República. João Lourenço rompeu com o passado e os donos destes grupos mantiveram-se fiéis ao seu antecessor. Os generais Kopelipa e Leopoldino Fragoso do Nascimento, na Medianova, e Manuel Rabelais, antigo ministro da Comunicação Social, na Interactive, mantiveram-se próximos de José Eduardo dos Santos mas perderam o acesso à chave do cofre dos dinheiros públicos. A exceção nesta regra é Manuel Vicente, ex-vice-presidente de Angola e com ligações à Medianova, o qual se aproximou de João Lourenço. Dito de outra forma, estes grupos que agora pertencem ao Estado, no passado recente serviam e beneficiavam do apoio do mesmo Estado.
Ao que tudo indica, o destino das duas televisões será diferente. A Palanca TV deverá ser rapidamente transformada num canal desportivo da TPA (Televisão Popular de Angola). Já na TV Zimbo haverá um período de espera mais prolongado na expectativa de que surja um grupo privado interessado na sua aquisição. No limite, falhando a venda, a TV Zimbo poderá ser convertida em TPA Notícias. Um canal desta natureza está previsto há muito, mas a sua consumação esbarrou na pandemia de covid-19.
Jornal de Negocios
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