Angolana Omatapalo nega acusações de ser "empresa do Estado"

(...) O presidente do conselho de administração da empresa de construção angolana Omatapalo negou este domingo à Lusa ser uma "empresa do Estado" e beneficiar de adjudicações diretas, como é acusada, mas antes uma "sua parceira".

"Não somos beneficiados em nada, somos sim um parceiro do Estado, como sempre fomos e seremos, e onde estamos assim o fazemos, não só em Angola, como noutros países. Sempre que é necessário responder a qualquer desafio, nós fazemo-lo", disse Carlos Alves.

O responsável salientou que a empresa trabalha com quem quer os seus serviços e, tal como outras empresas nacionais e internacionais que têm capacidades, está sempre disponível e sujeita a ter contratações simplificadas.

"Mas, o processo de contratação simplificada não significa que seja adjudicação direta porque são feitas consultas e concursos", explicou.

Além disso, Carlos Alves ressalvou que a Omatapalo é uma empresa que "tem capacidade instalada, capacidade de mobilização muito grande, cumpre as normas e regras e tem todas as certificações necessárias", o que faz com que, quando existam obras de emergência que o Estado precisa de fazer e que são investimentos de interesse, seja uma das empresas que possa ser consultada, tal como outras do mesmo setor.

A título de exemplo, o administrador recordou que a Omatapalo executou, por contratação simplificada, a Arena de Luanda para o Mundial de Hóquei, em 2013, construindo três infraestruturas desportivas, uma delas o pavilhão multi-usos de Luanda com 12 mil lugares em nove meses.

"Nenhum concorrente ou colega aceitou este desafio e nós aceitámos e fizemos com qualidade", frisou.

Já sobre a ligação entre a atividade da construção civil e vários escândalos de corrupção em Angola que tem sido noticiada, o administrador rejeitou fazer comentários por "não ser conhecedor suficiente", entendendo ser matéria da Procuradoria-Geral da República.

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Setor mineiro na mira

Carlos Alves admite ainda a entrada da empresa no setor mineiro. "Há conversações, sim, temos muitas minas em Angola e pode acontecer a qualquer momento, desde que seja uma mais-valia para nós, para o Estado e para os parceiros que possam integrar o projeto", assumiu.

Dizendo que o interesse neste setor não é de hoje, mas de há "alguns anos", o responsável referiu que a Omatapalo vai querer explorar esta área de negócio, devendo ser uma realidade "dentro de pouco tempo", previsivelmente no início do próximo ano.

A empresa está a trabalhar e a analisar vários projetos, tendo tido reuniões sobre a possibilidade de integrar alguns, mas ainda não há nada concretizado, garantiu.

Carlos Alves disse estar a estudar os investimentos em que pode apostar capacidade, em que pode melhorar o desempenho e o que é mais interessante para o grupo.

"Estamos sempre disponíveis e analisamos todos os projetos que possam trazer mais-valias ao grupo e ao Estado", ressalvou.

A área mineira tem um "potencial enorme", daí o interesse da Omatapalo e de outras empresas, acrescentou.

Mas, além desta nova área de negócio, a Omatapalo tem investido noutras, apesar de o seu principal ramo de atividade ser a construção civil, nomeadamente no setor agropecuário, industrial, metalomecânica e ambiente.

"Estamos a investir fortemente na área das madeiras e carpintaria, área na qual pensámos duplicar a capacidade instalada da empresa até final do ano. Pensamos ter uma unidade completa em Luanda para produção de mobiliário de escritório e sofás, entre outros produtos, para isso, estamos a adquirir novas instalações que nos vão permite ter essas capacidades", adiantou.

Na metalomecânica, setor que já explora, a empresa angolana está a construir uma nova unidade em Luanda, dado a unidade principal estar instalada no Lubango, distante da capital.

Já na agropecuária, a Omatapalo está a "intensificar" o investimento na Fazenda Mumba, dedicada à produção de carne de corte, para a ter em pleno funcionamento em 2030, disse o empresário.

Em processo negocial está também a integração da empresa num consórcio para a construção da refinaria de Cabinda.

Em Portugal, onde a empresa está em expansão e tem em carteira vários projetos imobiliários, Carlos Alves revelou estar a criar um centro de investigação e de start-up.

Devendo ficar sedeado em Matosinhos, no distrito do Porto, este centro, ainda em fase de projeto, terá como foco a inovação, ambiente e tecnologia, referiu.

Apesar de um "assinalável crescimento" em Portugal, o administrador é perentório em dizer que o país onde a empresa mais fatura "é obviamente" Angola.

Jornal de Negócios

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