Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar y Palacios Ponte-Andrade y Blanco lutou mais de uma década para libertar quatro (hoje, seis) países da América-Latina dos 'realistas', atravessando os llanos e o páramo de Pisba (Andes, Colômbia) com um exército de descamisados. Passou para a História como o 'Presidente Libertador'. O Alto Peru foi transformado na Bolívia em sua homenagem e o bolivar é moeda da Venezuela, país onde nasceu crioulo. Diz-se que nunca quis conquistar, mas libertar. E também se diz que fez a guerra contra os espanhóis mas que foi incapaz de obter a paz nos territórios libertados. Há outra coisa que se diz: que tinha uma imensa fortuna que perdeu na guerra pela libertação deste vastíssimo território. Morreu no exílio, ou, melhor, morreu atormentado e doente antes de chegar aos 50 anos, na costa atlântica da Colômbia, impedido de regressar à Venezuela onde nasceu e que libertou como parte do vice-reino de Nova Granada.
José Eduardo Van Dunen dos Santos vai ficar na História como o 'arquitecto da paz', e que em tempo de paz fez enorme fortuna. E é muito provável que também venha a morrer no exílio, ou, melhor, atormentado e doente, sentindo-se traído por tantos ou quase todos em Angola.
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Seja como for, um e outro têm o seu lugar na História. Um e outro foram homens dados a sérios equívocos, pessoais e políticos. Cada um teve direito aos generais que merecia. Um e outro foram considerados tiranos. Um e outro foram amados pelos seus (sim, não se iludam, é, e não esperem para ver).
A História é sempre generosa. Foi assim com Bolívar e será assim com dos Santos. É por isso que olho com enorme perplexidade o que aconteceu em Luanda a propósito da celebração dos 45 anos de independência e com os outdoors que, e tanto quanto percebi, foram colocados primeiro e retirados depois. Quem esteve (e eu estive) na cerimónia da entrega do 'facho' no grande auditório do Futungo de Belas em Setembro de 2018, tem de saber interpretar melhor a História e a memória. Não podem fazer tamanho disparate.
Ana Maria Simões
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