Angola: Ativistas da província do Bengo que foram condenados, não têm 57 mil Kzs para pagar multa

Na província do Bengo, após protesto contra a falta de água, quatro ativistas foram condenados por desobediência às autoridades. Agora, não têm dinheiro para pagar a pena convertida em multa e aguardam por ajuda.

Tudo começou quando os ativistas tentaram realizar um conjunto de protestos contra a falta de água na província do Bengo, vizinha de Luanda, a capital angolana, na última quarta-feira (05.08).

Em entrevista à DW África, Jaime Domingos, um dos jovens, relata que no tribunal do Dande, onde foram julgados, "não havia água potável durante esse tempo todo".

"Na esquadra ou no comando onde a gente estava detido não tinha água. Desde o momento em que a gente protestou, a água começou a jorrar", explica.

Violência policial?

Durante os protestos houve o uso da força por parte da polícia para reprimir a manifestação. E "Jaime MC", como é conhecido nas lides musicais, foi atropelado por uma viatura policial, tendo sido levado ao hospital. Mas foi detido depois do que chama de "pequena assistência".

Fisioterapia ao domicílio com a doctora Odeth Muenho, liga agora e faça o seu agendamento, 923593879 ou 923328762


A polícia alega que os manifestantes recusaram-se a acatar a ordem de dispersão da manifestação que supostamente não tinha sido autorizada.

Ao todo foram quatro os ativistas acusados de desobediência: Domingos Fernando Gomes Periquito, Jaime Domingos, José Gomes Hata e António Manuel Lima.

Versões diferentes

Na quinta-feira (06.08), a juíza da causa suspendeu a sessão por alegada falta de provas. Mas o ativista, Jaime Domingos, tem uma versão diferente:

"Na sexta-feira, a partir das 12 horas, fomos julgados. A primeira sessão do julgamento terminou às 18 horas e a juíza tinha pedido trinta minutos para poder ditar a sentença. Mas só voltou às 23 horas dando sinal de que houve ordens superiores e fomos condenados a um mês de pena suspensa convertido em multa", acusa.

Multa por pagar

Agora, os ativistas não têm dinheiro para pagar a multa de 57 mil kwanzas (cerca de 85 euros). A ONG Observatório Social garantiu que vai pagar as custas judiciais, conta Jaime Domingos.

"Estamos à espera daquilo que, se calhar, pessoas de boa-fé conseguirão para ajudar a pagar (a multa)".

Apesar da repressão da manifestação e da sua condenação, o também músico de intervenção social, garante que os protestos na província do Bengo vão continuar. "O revú [revolucionário] não se rende nem se vende. A luta tem que continuar. O revú luta, vence ou morre".

Governo contra manifestações?

A ONG Friends of Angola, sedeada nos Estados Unidos da América, foi uma das vozes que condenaram a repressão. Rafael Morais é o coordenador em Angola.

"O Governo angolano é alérgico a manifestações. Existe sempre estes elementos que ele utiliza para reprimir achando que talvez as pessoas tenham medo para não protestar, para não reivindicar aqueles que são os seus direitos", interpreta.

Para a inversão do quadro, o ativista apela à instauração de processos judicias contra os agentes da polícia que violarem os direitos dos cidadãos. "É chegada a hora de a sociedade civil angolana começar a processar esses elementos que fazem parte da segurança pública sempre que agridem os cidadãos que estão legalmente protegidos pela Constituição", opina Rafael Morais.

DW África

Saiba mais sobre este assunto, clicando AQUI

Lil Pasta News, nós não informamos, nós somos a informação

Postar um comentário

0 Comentários