A comissão de moradores do “Condomínio Talatona Golden”, em Luanda, quer ver esclarecido – pela via judicial - um episódio de abuso de poder que envolve o antigo Presidente da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda (CACL), José Tavares Ferreira, que tornou-se morador deste complexo habitacional.
Acusado de desestabilizar normas de convivência com os vizinhos
José Tavares Ferreira recebeu uma casa neste Condomínio afecto a Sonangol, mas antes de a ocupar decidiu realizar obras de reparos como partir muros, e outros actos que terão retirado a privacidade do vizinho ao lado. Recentemente, a comissão de moradores (CM) mandou parar as obras do antigo governante por considerar que a mesma alteram completamente o que está estabelecido para a tipologia de moradias do referido condomínio.
“O General Tavares está a fazer obras em violação às regras do condomínio, os moradores votaram contra o tipo de alterações que ele quer fazer”, disse ao Club-K, o morador Otaviano de Jesus.
Segundo a mesma fonte, inconformado com o travão que estaria a observar por parte da comissão dos moradores (CM) o general José Tavares Ferreira, protestou da decisão inclinando-se no argumento de que “isto não ficaria assim”, uma vez que existem outros vizinhos que fizeram obras (na parte interna de suas casas) sem a oposição da comissão de moradores.
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Segundo explicações de Otaviano de Jesus, existem padrões estabelecidos como fazer alterações no interior das casas, em termos de pintura, mudança de chão, e não necessariamente as obras feitas pelo antigo governante que “não obedecem a estrutura arquitetônica do condomínio”.
Ao por do sol de quinta-feira (9), os moradores do condomínio foram confrontados com um episodio menos bom, em que agentes da Polícia Nacional - acompanhados de fiscais - invadiram o condomínio, intimidaram os seguranças da portaria e por fim entregaram uma notificação para que o coordenador da comissão de moradores comparecesse, no dia seguinte (sábado) na esquadra da Polícia para ser ouvido. Os fiscais, por sua vez, entraram numa das residências em que o proprietário estava a fazer alteração do chão, ordenando o seu embargo.
Aos moradores, os fiscais alegaram que a sua ação de invasão deveu-se a uma denuncia anônima sem no entanto avançar mais detalhes.
O facto de os fiscais terem invadido as casas, mas ao mesmo tempo de terem deixado, em paz, a obra do general Tavares, levou com que os moradores suspeitassem que os agentes terão ido ao condomínio a pedido deste antigo administrador do Sambizanga, uma vez que havia prometido não cruzar os braços.
“Foi como se tivessem nos transmitido ‘se não deixam o general Tavares fazer as obras que lhe apetecem, então ninguém mais faz obras no condomínio”, rematou Otaviano de Jesus que promete levar o assunto a justiça, uma vez que “ouve atropelo pela lei ao invadirem casas a pretexto de procurarem moradores que estavam a fazer obras de reparação”.
Segundo Otaviano de Jesus, o “Condomínio Talatona Golden”, nunca viveu episodio semelhante ao ponto de se recorrer ao uso das forças policiais para invasão das moradias. A fonte conta que no passado houve apenas um “ligeiro incidente” em que um morador Danilo Lemos dos Santos pintou a parte externa da sua residência, com cores fora dos padrões permitidos mas na altura a comissão de moradores viu-se impedida de o chamar atenção tendo em conta que o seu progenitor era o Presidente da República.
Com relação ao general José Tavares Ferreira o contexto é diferente apesar de acarretar a fama de ser um dos membros do MPLA com influencia junto ao palácio presidencial.
José Tavares é dado como muito ligado ao Presidente João Lourenço, amizade esta, cimentada desde o tempo, em que ambos estiveram em formação na antiga União Soviética partilhando o mesmo dormitório na academia militar. Tavares já não exerce cargo no aparelho do Estado mas continua a exercer influência por via de seus “testas de ferros” em cargos importantes no governo mas também pelo papel que as suas empresas estão a ter ao beneficiar de contratos.
Um sobrinha sua Mara Regina da Silva Baptista Domingos Quiosa, é a governadora do Bengo, e por conta disso tem parte das suas empresas de construção implementadas nesta província ao norte de Angola.
Associou-se também a “United Shine”, um consórcio registrado em Hong Kong, e que em Junho do ano passado assinou com a Sonangol um acordo para a construção de uma refinaria de petróleo bruto de alta conversão na província de Cabinda. O seu sócio neste projecto é Arcadi Aleksandrovich Gaydamak.
Face as ligações privilegiadas do general José Tavares, os moradores “Condomínio Talatona Golden”, decidiram tratar o assunto dentro dos marcos da lei, embora haja uma corrente de moradores que prefere gerir o assunto no secretismo com receio de eventuais retaliações.
Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/0V5Lm7_FfNE
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