Há pelo menos três semanas, religiosos brasileiros que moram em Angola sofrem com agressões psicológicas e físicas. Com o apoio do Governo local, a polícia angolana faz devesas em condomínios onde moram bispos e pastores da Igreja Universal, além de apreenderem celulares. Eles também foram impedidos de frequentar as igrejas do País.
Confira abaixo os principais pontos da entrevista:
Senador, o senhor acionou o Itamaraty para tentar impedir a perseguição contra brasileiros em Angola. Por que o senhor tomou essa medida?
Senador Major Olimpio – Já são três semanas desse conflito. Isso é descabido. Qualquer perseguição de ordem religiosa não pode ser aceite. E no caso, são brasileiros. O que estou pedindo ao Itamaraty, por meio da Comissão Relação Exteriores do Senado, falei agora de manhã com o presidente [da Comissão de Relações Exteriores do Senado] Nelsinho Trad, é verificar a possibilidade de uma comissão de senadores acompanhar, in loco, esse processo de pacificação para exigir do Governo angolano a reciprocidade do povo angolano. Jamais, como Governo brasileiro, admitimos qualquer perseguição de ordem religiosa. Essa comissão representativa iria acompanhar e exigir do Governo angolano, porque os brasileiros não são criminosos, não são arruaceiros, e estão enfrentando invasões de residências e de igrejas, além da apreensão de celulares e outras agressões.
Por que essa iniciativa do Senado brasileiro?
Isso pode gerar um grave incidente internacional porque você pode ter, a partir disso, estimulações em todo mundo de perseguições de ordem religiosa. A única coisa que o mundo não está precisando agora são incidentes dessa natureza, não é mesmo? Acontece uma coisa dessa natureza, pode ter um efeito em cadeia, não só na religião, mas estimulando preconceito de outras formas.
Do que depende a ida da comitiva de parlamentares a Angola para tentar acalmar os ânimos?
O [senador] Nelson Trad, do Mato Grosso do Sul, que é o presidente da comissão, documentou ao Itamaraty exigindo medidas. Ele está avaliando essa possibilidade [de pedir uma aeronave]. Minha proposta a ele foi fazer a requisição pelo Senado de uma aeronave do Governo brasileiro tendo em vista os factos que estão ocorrendo. Não adianta documentar demais porque já faz três semanas. Daqui a pouco, teremos pessoas machucadas ou traumatizadas. Vamos esperar ter a morte de brasileiros por acções pré-ordenadas ou até estimuladas por sectores do Governo lá ou por outras religiões? Não podemos correr um risco desse.
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Essa perseguição não se restringe à Universal e também afecta outras religiões em Angola…
Imagina estar num País que não é o seu e você ser açoitado fisicamente. Temos imagens de pastores dentro das igrejas, com uma grande massa de pessoas os coagindo. Tem outras denominações que também são alvo da intolerância. Começou com uma acção dirigida a pastores da Universal, mas isso já passou a outras religiões.
O senhor acredita que as relações comerciais, entre Brasil e Angola, podem ser impactadas? O empresário brasileiro vai deixar de investir lá?
É lógico. Como que o empresário vai investir onde, eventualmente, você e os seus colaboradores podem ser alvo de ameaças. Angola, até pela tradição de língua, não pode ser assim.
O senhor acredita em um efeito em cadeia depois das agressões a religiosos?
É um rastilho de pólvora. Lembra da “Primavera Árabe”? Era uma situação diferente, mas teve a eclosão de movimentos em vários países. Não vamos entrar no mérito aqui que se os presidentes
eram ditadores ou não. Mas quando você parte para perseguições de ordem religiosas, sempre há muitas vítimas. Vemos isso pela História.
O que pode resolver essa situação em Angola?
Para que serve a diplomacia? Se formos em 4 ou 5 senadores, não vamos segurar ninguém, claro. Vamos apenas dar a demonstração de que o Senado brasileiro está lá para dizer: “Gente pelo amor de deus, temos que nos tratar bem”. Somos irmãos, de língua, parceiros comerciais, temos prioridades de investimentos em Angola, reciprocidade em relação ao comércio e indústria.
Ainda não há relatos de agressões físicas. O senhor acredita que pode chegar a isso em Angola?
O pior ferimento não é o físico. Se você vir as imagens, com 20 ou 30 pessoas empurrando uma pessoa só… Eu trabalhei em centenas de manifestações públicas quando estava na Polícia Militar. Em multidões, todos acham que é só um empurrãozinho. E quem está em massa acha que não exagerou em sua ação. Mas imagine uma mulher grávida ou uma pessoa com comorbidade, alguém com mais idade, o estresse, você pode desencadear um processo que pode levar à morte.
Quais os próximos passos a partir de agora?
O Nelsinho Trad é um sujeito muito bom, um grande presidente da comissão, e deve estar sensibilizando o Itamaraty e o presidente para o Brasil proteger a vida do brasileiro. Isso não tem preço. Então, é o tempo da requisição de um avião da FAB que possa voar para Angola. Depois, cabe ao Nelson [senador Nelsinho Trad] constituir a comissão.
FONTE: R7
Saiba tudo sobre o caso da igreja universal em Angola, clicando neste link https://youtu.be/DMWLStX2Sw8
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