A MINHA LEMBRANÇA DE KUNDY PAYHAMA

Em 1984 Kundy Payhama, na qualidade de Presidente da 7a Região Militar teve a missão de apresentar Francisco Ramos da Cruz como Comissário Provincial do Kwanza Sul, em nome do Comandante-em-chefe das FAPLA.

No acto público de apresentação de FRC, KP disse que o CC do MPLA-PT tinha tomado esta decisão porque haviam evidências de trabalho operativo e reconhecimento profundo das forças da UNITA na Região. Durante o acto, KP pediu ao povo para apoiar o Cda Comissário Provincial. E continuando, KP perguntou ao povo "o que vocês vão fazer se a UNITA um dia atacar o Sumbe?" e o povo respondeu "lutar!!!".

Poucos meses depois, no mesmo ano, a UNITA atacou o Sumbe e ocupou por algumas horas. Foi o primeiro teste de fogo ao Comissário FRC e que contribuiu significativamente para o carinho que aquela população à Sul do Kwanza nutria por ele.

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Dois dias após o ataque e com as forças da UNITA em retirada da cidade, houve um comício no Sumbe, cujo orador principal era mais uma vez o KP. Ele chega ao local bem escoltado pela sua tropa, as Onças da Montanha, sobe na tribuna, dirige um olhar sinistro e penetrante à população e pergunta:

- Naquele dia da apresentação do Cda Comissário, o quê que eu perguntei?
- Se a UNITA atacar o Sumbe o quê que havíamos de fazer. Responde a assistência.
- E qual foi a vossa resposta?
- Lutar!!!

- E vocês lutaram? - Silêncio abismal- Vocês não lutaram. Alguns Camaradas fugiram, outros enterraram as armas na areia da praia. O inimigo entrou na cidade, jantou conosco, dançou carnaval, atacou, matabichou e se retirou. O Cda Comissário me informou que durante o ataque, teve que andar às bofetadas com alguns Cdas medrosos e que fugiam do inimigo. Isso não pode ser camaradas. Vamos tomar medidas sérias.

Ao meio da sua fala, surge um sururu entre a população um "agarra UNITA", seguida de uma correria. Na azáfama, KP sai escoltado pelos seus Onças e desaparece no horizonte, sem as habituais palavras de ordem de despedida.

Soube-se mais tarde de que aquele kwata-kwata deveu-se a um soldado da UNITA que perdeu a coluna na hora da retirada, tendo ficado disperso.