O Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), em vez de beneficiar de facto as localidades em prol do desenvolvimento local e gerar o bem estar das suas povoações, está em verdade a provar que é apenas mais uma fonte de enriquecimento ilícito dos governantes.
Enquanto o “cabritismo” prevalecer em Angola, qualquer projeto, plano, ou seja lá o que for, gizado pelo governo, que envolva dinheiro e que seja gerido por governantes, desde administradores, distritais, municipais a governadores e ministros, entre outros altos dirigentes, nunca beneficiarão o país e o povo angolano. Tudo fica nos bolsos deles, governantes.
A política que se “instituiu” no país desde a independência de que “o cabrito come onde está amarrado”, ganhou raízes ao longo dos cerca de 45 anos e fez com que os dirigentes, antes de pensarem no bem maior, em benefício de todo o país, apenas pensassem no seu próprio bem e foram inventando todo o tipo de estrategemas para se apoderarem de tudo que estivesse na alçada da sua gerência.
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Esse “mau hábito”, bastante prejudicial para a economia e as finanças do país, alastrou-se até aos trabalhadores de base e cidadãos estrangeiros que vêm trabalhar em Angola. Contudo, quando a roubalheira era demasiado evidente e obrigava as autoridades judiciais (elas próprias corruptas) a entrar em ação, eram apenas os pequenos ladrões, os chamados “ladrões de galinha” quem pagavam as culpas todas, enquanto os verdadeiros gatunos, os de “colarinho branco”, ficavam a pavonear-se e a ostentar os seus “feitos” e riqueza.
As diversas notícias que têm vindo a público sobre o combate contra a corrupção, o peculato, nepotismo, impunidade, entre outros, revelam as maneiras ardilosas, que têm sido usadas pelos diferentes governantes e gestores para se apoderarem da coisa pública. Uma delas, aliás a mais frequente, é a de fundar empresas “fantasmas” que assinam milionários contratos com os seus pelouros para exec utar determinado trabalho, embolsam o dinheiro e a dita obra no fim nem aparece, porém o sumiço dos valores é justificado com falsas realizações.
Atualmente, em que todos os governantes e altos dirigentes parecem “cidadãos honestos”, todos uns “anjinhos”, esta preversa tática vai prevalecendo, com a utilização de “testas de ferro”, para ludibriar a vigilância e o combate contra a corrupção.
Em várias províncias, a maioria dos projetos, senão todos, que estão a receber financiamento do PIIM, ou aprovação para que assim seja, estão a ser concebidos na base do “cabritismo”, numa conivência entre os governadores provinciais com os respetivos administradores municipais, em alguns casos, e entidades do Governo central.
Por exemplo, correm notícias de qe alguns administradores municipais da província do Kuando Kubango, estão a acusar o governador Júlio Marcelino Vieira Bessa e o ministro de Estado para Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, de estarem a criar confusão para se apoderarem de projetos das localidades e já aprovados pelo Ministério das Finanças, alegando que tais projetos não são prioritários, havendo assim a necessidade de revisão do PIIM em toda extensão do Kuando Kubango.
Está situação está a deixar muita gente com “pulgas atrás da orelha”, considerando que, segundo fontes, a província do Kuando Kubango será beneficiada pelo PIIM com um montante equivalente em Kwanzas a 50 milhões de dólares, que está a ser disponibilizado por tranches.
Mais um caso que se junta a tantos outros e que deve merecer a atenção imediata da Procuradoria-geral da República (PGR).
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