Zeca Van-Dúnem não reclama de roubo de 34 milhões de Kzs na sua conta bancária

José Van-Dúnem, antigo ministro da Saúde, não reclama de um significativo arrombo de 34 milhões de kwanzas sofrida na sua conta domiciliada no Banco de Poupança e Crédito, no dia 17 de Abril.

A conta do ex-governante foi violada na mesma data em que o BPC sofreu um golpe de 400 milhões de kwanzas.

Silenciado pelo banco, o monumental arrombo às contas do banco só chegou à praça pública por via de um artigo do portal MakaAngola, publicado no dia 20 de Maio.

Nesse matéria, Rafael Marques de Morais, seu autor, diz que “os fundos foram saqueados por via electrónica, através da conta da empresa Simportex, pertencente ao Ministério da Defesa, e foram espalhados por várias contas, como tem sido prática habitual. Essa operação ocorreu numa sexta-feira, através do uso da senha de utilizador de Aida Daniel, gerente do BPC no município do Waku-Kungo, província do Kwanza-Sul. Após o saque, segundo fontes deste portal, os assaltantes procederam ao apagamento do registo de acessos [login] à data da fraude”.

Três dias depois, a 23, o Banco de Poupança e Crédito admitiu o violento golpe. Através de um Direito de Resposta, o banco assumiu que a “fraude ocorreu na noite do passado dia 17 de Abril (sexta feira), tendo sido detectada na manhã do dia 20 (segunda feira), na sequência dos alertas e controlos implementados nos sistemas de auditoria. Dada a natureza da fraude e o modus operandi, foi necessário um exercício aturado envolvendo as áreas que compõem o Sistema de Controlo Interno do Banco, o que permitiu identificar com relativa tempestividade os beneficiários desses movimentos fraudulentos e a sua origem, cativar parcialmente os valores subtraídos e em estreita colaboração com outros Bancos, foi igualmente possível bloquear alguns valores relacionados com esta fraude, para aí transferidos”.

Fisioterapia ao domicílio com a doctora Odeth Muenho, liga agora e faça o seu agendamento, 923593879 ou 923328762

Nesse comunicado, o BPC não fez qualquer alusão ao roubo sofrido pelo seu cliente, José Van-Dúnem.

Quando tomou conhecimento do assalto à sua conta bancária, o antigo ministro não só não se manifestou abalado como sugeriu que não fosse feito o mais leve alarido em torno do assunto.

Ao Lil Pasta News uma fonte do próprio BPC assegurou que o antigo ministro da Saúde “não apresentou queixa à Polícia e pediu à direcção do banco para gerir o assunto com a maior discrição possível. No fundo, ele quer que se ponha uma pedra sobre o assunto”.

O roubo a José Van-Dúnem seguiu o mesmo modus operandi observado no assalto aos 400 milhões. No BPC admite-se que os protagonistas do roubo sejam os mesmos. A falta de competências internas em matéria de investigação de fraudes informáticas, aliada à incapacidade da actual administração de pôr cobro aos roubos constantes que tem ocorridobfazem com que, cerca de 2 meses depois da gigantesca fraude ainda não se tenha identificado o autor ou autores dos dois crimes.

Fonte interna admitiu ao Lil Pasta News que a “administração anda sem norte, sem estratégia e sem rumo, para resolver este problema que retornou e com força, sobretudo, porque foram apagados os registos de login, à guarda do Gabinete de Segurança Electronica, o que tem dificultado o trabalho tanto dos órgãos internos como do próprio SIC. Mais parece um concurso de quem rouba mais no BPC”.

José Van-Dúnem foi ministro da Saúde entre 2008 e 2016. A sua exoneração aconteceu no auge de uma crise sanitária que dizimou milhares de pessoas em Luanda.

Após exoneração do seu titular, José Eduardo dos Santos, então Presidente da República, ordenou que à Inspecção Geral da Administração do Estado uma sindicância às contas do Ministério da Saúde.

Sobre José Van-Dúnem impendiam suspeitas de roubo de imensos recursos destinados a construir infraestruturas para lidar com pandemias como febre amarela, cólera e malária.

Num despacho, JES ordenou que a IGAE procedesse ao “levantamento do paradigma da aquisição de medicamentos” e verificar “o mecanismo de distribuição” dos mesmos, “bem como identificar os seus fornecedores e respetiva situação fiscal”.

Fontes confiáveis disseram na altura que José Van-Dúnem teve sob sua gestão imensos recursos financeiros. “O dinheiro disponibilizado visava reabilitar as infra-estruturas hospitalares em várias províncias do país, nomeadamente Luanda, Huambo, Benguela, Huíla e Malange. Acontece, porém, que uma parte substancial da verba acabaria por ser desviada, daí que muitas obras iniciadas não foram concluídas e os hospitais terem sido pobremente equipados”.

Pouco antes de deixar a Presidência da República, em 2017, José Eduardo dos Santos ordenou que a IGAE arquivasse o inquérito às contas do Ministério da Saúde.

“Os resultados da inspecção poderão revelar-se catastróficos para a imagem do ministro”, vaticinou, na altura, portal Club-K.

Desde que foi afastado, Zeca Van-Dúnem desapareceu do radar público em Angola.

Fontes convergentes dão-no como estando a viver em Portugal.

Ligado por laços familiares a José Eduardo dos Santos, Zeca Van-Dúnem é geralmente associado aos marimbondos que saquearam impiedosamente o dinheiro do país. É isso que pode ajudar a entender o desinteresse com que encara o enorme desfalque da sua conta bancária.

“Como é que ele poderia explicar a origem desse dinheiro?”, interrogou-se a mesma fonte do BPC que revelou ao Correio Angolense o rombo que José Van-Dúnem sofreu.


José Van-Dúnem: 34 milhões que não fazem falta ao bolso?
Roubos no BPC, prato do dia-a-dia

A subtracção de dinheiro em contas domiciliadas no Banco de Poupança e Crédito tornou-se numa prática rotineira na instituição.

Em muitos caos, os larápios nem sequer mostram o menor temor aos titulares das contas que violam.

Durante anos, José Eduardo dos Santos, o “omnipotente” e “ omnipresente” presidente de Angola teve a sua conta-salário no BPC regularmente “podada”. Uma destemida funcionária do banco emitiu um cartão  multicaixa com o qual chegava ao dinheiro do então homem forte do país.

Quando posto ao corrente que uma “toupeira” no BPC estava a emagrecer-lhe a conta-salário, José Eduardo dos Santos ordenou que o assunto fosse tratado com a maior discrição.

Não foi por magnanimidade que que o então presidente da República ordenou que se evitasse a exposição do caso. Ele acautelou, sim, o embaraço que adviria do conhecimento generalizado  de que até a conta pessoal do chefe de Estado no BPC, o maior banco público, estava à mercê de “toupeiras”.

Procedimento idêntico teve Armando Manuel.

Então ministro das Finanças, Armando Manuel teve a sua conta no mesmo banco aliviada em largos milhões de kwanzas. Como José Eduardo dos Santos, antes, e José Van-Dúnem, agora, Armando Manuel também pediu ao banco para não fazer “ondas”.

“O BPC é um banco com um risco sistémico elevado: tem problemas de várias ordem, nomeadamente,  riscos de crédito, risco de mercado, risco operacional, risco de reputação, risco de compliance e risco de estratégia”, é assim que um conhecedor do assunto classificou a situação actual do maior banco público de Angola.


Apesar de já ter passado pelo comando de vários e diferentes gestores, todos eles idos do Banco Nacional de Angola, o BPC vive permanentemente à beira do precipício.

Pelo BPC já passaram vários gestores ( Paixão Júnior, Cristina Van-Dúnem, Ricardo D` Abreu e actualmente André Lopes, todos antigos vice-governadores do BNA) “aos quais deveriam ser imputadas responsabilidades directas e indirectas pelo modelo de governação seguido”.

De acordo com esse observador, a “situação do BPC atingiu um nível em que ao regulador BNA deve-se cobrar explicações e responsabilidades, pois todos os bancos têm tido lucro porque  só o BPC é que não? O que é que se passa?”

Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/xUy8fF8AO1w

Postar um comentário

0 Comentários