Centenas de moto-taxistas viram as suas motos apreendidas, outros foram detidos enquanto outras centenas arriscam a saúde e o decretado nesta fase da pandemia da Covid-19, carregando passageiros para terem o que comer.
Etelvino André, 23 anos de idade, sobrevive desta actividade há já dois anos, e conta que não sabe fazer outra coisa para sustentar a sua família. “Tenho que trabalhar, senão não vamos comer em casa”, disse a nossa equipa de reportagem, acrescentando que os 7 mil kwanzas que ganha por semana, servem para dar de comer os dois filhos, e a mãe que vive na Huíla.
"Temos que trabalhar, senão seremos obrigados a roubar, o governo só está ajudar os famosos", disse.
Igual a Etelvino está José Panzo que trabalha todos os dias no Mercado do 30, em Viana, e desafia todos os dias as forças da ordem para levar o mínimo para casa.
“Temos que conversar com a polícia, aliás, eles sabem que precisamos de trabalhar, o que eles nos obrigam é só usar a máscara, mas há outros polícias que não entendem e recebem mesmo a moto”, atirou.
Para Rasta, o que o governo devia fazer é contemplar os moto-taxistas com alguma cesta básica, pelo menos os mais carenciados.
“Parece que o governo não nos liga, estou a ver a darem comida aos músicos, aos mais velhos às pessoas que estão impossibilitadas de trabalhar, mas nós que temos uma associação e estamos bem legalizados estão a nos esquecer”, lamentou.
Para estes jovens, os órgãos auxiliares do titular do poder Executivo nada fazem para resolver o problema desta classe.
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“Sei que o presidente criou mais um gabinete para tratar dos assuntos sociais, mas nem conheço o nome da pessoa que lá está, e nunca lhe vi na minha vida”.
AMOTRANG alerta autoridades para uma possível manifestação
O presidente da Associação dos Motoqueiros e Transportadores de Angola (AMOTRANG), Bento Rafael, em entrevista a Rádio Ecclésia na última semana, disse que o período em que o país atravessa por causa da Covid-19 afecta a todos os moto-taxistas, “principalmente com estas medidas, porquanto se não existissem estas proibições, podiam também servir de meios de contaminação por causa da forma como os moto-taxistas transportam as pessoas”.
Porém, Bento Rafael diz que o Presidente da República tem que saber que um dos grandes problemas é a falta de legislação para regular a actividade de moto-taxistas.
“Estes milhares de jovens que transportam milhares de pessoas a nível de todo país, com a proibição que se fez, tem que se interrogar a alguém para saber o que estão a comer. Estes jovens, muito deles que antes foram delinquentes, outros têm nesta actividade o seu primeiro emprego e sustentam às suas famílias com aquilo que ganham todos os dias, e com isso evitam que vão para delinquência”, ao estar proibida a sua actividade, continuou, “temos que nos interrogar onde vão comer?”.
“Temos que colocar o problema ao governo para saber o que estes jovens vão comer. Vão-se transformar em pedintes? Nas portas das administrações municipais, nos governos provinciais?”, questionou.
Cestas básicas
De acordo com Bento Rafael, a entrega de cestas básicas, uma vez que estão impedidos de trabalhar, já seria uma grande ajuda.
“Já escrevemos aos mais variados órgãos do Executivo para fazerem chegar a preocupação ao Presidente da República, mas até agora não recebemos qualquer resposta, o que depreende que ninguém fez chegar esta preocupação ao Presidente. Estes jovens estão a passar fome e ameaçam furar a cerca, ameaçam protestar e já estamos a ver no problema que vai criar entre moto-taxistas e a polícia”, alertou.
Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/iQTi0Me6IHU
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