Abanca não compra EuroBic mas diz que continua interessado em adquirir bancos em Portugal
Os espanhóis do Abanca não vão mesmo comprar o EuroBic. A confirmação foi já assumida tanto pelo banco espanhol como pelo português. O EuroBic adianta que, apesar da desistência do grupo do país vizinho, os seus acionistas, com Isabel dos Santos à cabeça, continuam disponíveis para mudar a estrutura acionista – uma emergência que surgiu após as revelações do Luanda Leaks e as dúvidas levantadas sobre a empresária. Aliás, há acionistas que admitem vir a comprar a participação da investidora angolana.
“A Senhora Engª Isabel dos Santos informou que continua disponível para alienar as suas participações indiretas representativas de 42,5% no capital do EuroBic e os restantes acionistas, titulares de 57,5% do capital do banco, informaram que mantêm em aberto todas as hipóteses de reconfiguração da estrutura acionista do banco”, aponta um comunicado enviado às redações da parte do banco liderado por Fernando Teixeira dos Santos.
Os restantes acionistas, em que se destaca Fernando Teles (ex-presidente do EuroBic e sócio da empresária no angolano BIC) com 37,5%, assumem que podem vir a adquirir as participações de Isabel dos Santos mas também assumem que podem vender total ou parcialmente as suas ações. Mas isso desde que seja pelo "justo valor”.
Ora, foi o preço uma das razões para que tenha caído o processo de venda que estava em curso, em que o controlo do português EuroBic ia passar para o espanhol Abanca. A desistência ocorreu por desentendimento entre as partes, quando havia já a proposta de compra efetivada pelo espanhol: aliás, a administração “congratula-se” por ter mesmo havido essa oferta “após uma profunda análise realizada ao banco e mesmo no contexto da crise provocada pela covid-19”. Só que, mesmo assim, não houve operação, quando já se alinhavam os últimos pormenores.
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ABANCA QUER CONTINUAR A APOSTAR EM PORTUGAL
Numa nota às redações, “o Abanca comunica que, apesar de ter dedicado esforços e recursos significativos à aquisição de 95% do banco português EuroBic, foi forçado hoje a desistir da operação, uma vez que as condições acordadas para o referido objetivo não foram cumpridas”. Não especifica o que estava em causa, mas o seu presidente, Juan Carlos Escotet, tinha já anunciado que queria um preço de compra mais baixo do que o inicialmente previsto por conta da pandemia.
O galego Abanca, cujo presidente tem também presença na banca venezuelana, está já em Portugal há anos, tendo crescido depois de comprar a rede de particulares do Deutsche Bank. Em Espanha, expandiu-se no ano passado com a aquisição da filial da Caixa Geral de Depósitos. Nos últimos dias, foi também noticiado que o Abanca estaria a olhar para a compra da operação do Novo Banco em Espanha.
No comunicado, o grupo espanhol diz que quer continuar a crescer em Portugal através de compras: “O Abanca continuará a analisar potenciais operações de aquisição que fomentem sinergias ao seu projeto em Portugal. Em Portugal, o Abanca tem um projeto sólido e em crescimento, com presença nas principais cidades e centros económicos, o que lhe permite posicionar-se como instituição financeira líder em advisory banking”.
Já no banco português, a eleição da nova administração tinha sido adiada à espera da entrada dos
novos acionistas, para que fosse o Abanca a escolher quem queria à frente do EuroBic. Sem os
espanhóis, Teixeira dos Santos continua à frente do leme até nova indicação. “A administração do EuroBic continuará, como até aqui, a assegurar a gestão sã e prudente do banco, salientando que o banco cumpre consistentemente os rácios prudenciais aplicáveis”, indica o comunicado.
O EuroBic, que comprou o BPN (aliás, um litígio com o Estado português devido a essa operação permitiu fechar 2019 com um lucro recorde), está sob o olhar do Banco de Portugal, que abriu processos de averiguações ao que se passou na instituição financeira ao nível de prevenção do branqueamento de capitais.
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