Curiosamente, a emergência do aparelho securitário é anterior à proclamação da independência nacional quando, o MPLA ainda em 1975 não era poder de iure , vários dissidentes mais à esquerda desse então MLN, nomeadamente os da «Revolta Activa», de Mário Pinto de Angola, os CAC´s e OCA´s foram detidos, em Luanda, porque «pensavam de forma diferente».
Desde cedo criou-se a «cultura do inimigo», do reaccionário, do «fantoche», ou seja, do agente interno ou externo que estaria ao serviço de interesses «alheios aos do povo», como se dizia no jargão do «comunas», cuja doutrina o MPLA abraçara de corpo e alma.
Já como Estado independente e sob um regime de partido único, Angola investiu «forte e feio» na formação de Bófias, o que é legítimo tendo em conta a guerra civil que se vivia e nenhum Estado consegue sobreviver sem aparelho securitário para o defender. Cuba, a ex-URSS e outros países sob influência socialista formaram muitos quadros nesse domínio. Mais tarde, diversificaram a formação noutros países, com destaque para Israel. Infelizmente, eles não foram ensinados a SEPARAR OS INTERESSES DO ESTADO E OS DO PARTIDO GOVERNANTE. Para eles, nunca houve uma fronteira nítida entre uns e outros.
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Durante o regime de partido único e mesmo depois do fim do regime monólito, as Bófias e as suas estruturas adjacentes jogaram um papel importante em desmantelar acções dos chamados «inimigos da Revolução», como, por exemplo, na repressão ao tráfico de diamantes ou no desmantelamento de redes de bombistas da UNITA, na denúncia dos desvios dos dinheiros da China, etc.
Custa-me acreditar que um aparelho tão eficiente e útil como foi e continua a ser como a Segurança do Estado, apesar dos excessos que cometeu, permitiu que a corrupção chegasse onde chegou, a ponto de fazer de Angola um dos países mais corruptos do mundo...
Se a Bófia tem por missão defender os interesses do Estado, onde andou quando se procedeu à sobrefacturação de milhares de contratos em que o Estado angolano foi nitidamente prejudicado? Onde estiveram os Bófias quando os milhões de fluxos monetários saíram de Angola para o estrangeiro? Quando os dinheiros vazaram dos bancos públicos? Onde estão os «operativos» que nesta fase difícil do país deveriam impedir os desvios dos dinheiros do PIIM e de outros programas governamentais? Onde estão os Bófias que deveriam «espiar» as acções suspeitas de lavagem de dinheiro de certas igrejas e outras instituições nacionais e estrangeiras?
Será que a nossa Bófia estará mais preocupada em acompanhar os que emitem as suas opiniões nos espaços das rádios e das redes sociais do que a fiscalizar e desmantelar as verdadeiras acções que causam danos ao Estado angolano? Afinal, que tipo de Bófias que Angola precisa?
Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/WBAI5oCUd3Q
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