Aceitação da homossexualidade cresce no Brasil em 7 anos, mas 23% ainda são contra

Pesquisa do Pew Research Center afirma que índice é maior entre pessoas com alto nível de escolaridade.

Em meio à ascensão da retórica conservadora, o apoio à comunidade LGBT apresenta crescimento no Brasil. Pesquisa do Instituto Pew Research Center indica que 67% dos brasileiros defendem que a homossexualidade seja aceita pela sociedade, mas cerca de 23% da população ainda são contra.

Batizada de “The Global Divide on Homosexuality Persists” (A divisão global sobre homossexualidade persiste, em tradução livre), a pesquisa perguntou a mais de 38 mil pessoas em 34 países se a homossexualidade era aceitável ou não e deu continuidade à série histórica sobre o mesmo tema iniciada em 1994.

Entre os 34 países analisados, o Brasil aparece no 16º lugar, atrás de outros dois Estados latino-americanos incluídos na pesquisa: México, em 14º) e Argentina, 10º. 19% da população na Argentina dizem que a homossexualidade não deve ser aceita, contra 76% que dizem aceitar que esta expressão da sexualidade deve ser aceita. Já no México, o índice de pessoas que não aceitam é maior entre os países da região, 24%.

A pesquisa realizada pelo instituto conta com margem de erro de 4.4 pontos percentuais para mais ou menos. Em geral, desde 2013, última edição do estudo, pesquisadores observaram padrões semelhantes e aumento considerável nos países que afirmaram aceitar a homossexualidade.

No Brasil, país em que a pesquisa foi realizada em 2011, 2013 e 2019, 23% da população acredita que a homossexualidade não deve ser aceita, enquanto 67% pensa o contrário, um aumento de seis pontos percentuais desde a realização da última edição do levantamento, em 2013.

Em 2011, segundo a pesquisa, o nível de aceitação no cenário brasileiro era de 61%, contra 36%. Em 2013, última edição do estudo, este índice foi de 60%, contra 34%. A pesquisa foi realizada em maio do ano passado, cinco meses após o início do governo do presidente Jair Bolsonaro, que é conhecido por histórico de declarações consideradas homofóbicas.

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Observando a série histórica, ao mesmo tempo em que os dados de não aceitação da homossexualidade caíram, houve um crescimento entre as pessoas que não souberam ou não quiseram responder a pesquisa. Em 2011, este número era de 5%, em 2013, de 4% e em 2019, aumentou para 10%.

Em muitos dos países pesquisados, o relatório traz diferenças na percepção e aceitação da homossexualidade por idade, ideologia política, renda e gênero. Em vários casos, essas diferenças são substanciais. Porém, o relatório não especifica estes dados sobre o Brasil alegando que “não foram significativos.”

Levando em conta o nível educacional dos entrevistados no Brasil, entre as pessoas com maior nível educacional, o índice de aceitação é de 80%, enquanto entre os com baixo nível de escolaridade esse percentual é de 55%.

Pessoas que dão menos importância à religião são mais abertas a aceitar a homossexualidade. No Brasil, entre aqueles que não consideram a religião muito importante, 76% afirmam que a homossexualidade deve ser aceita na sociedade. Dentre os que a consideram muito importante, são 66%.

Neste sentido, ao contrário de outros países no mundo, achar que a religião é importante ou não, pode não ser tão relevante para a aceitação no Brasil. A diferença de 10 pontos percentuais entre os que dão mais importância à religião e os que dão menos é a menor entre os países pesquisados.

Conquistas recentes da comunidade LGBT no País podem ser responsáveis pelo crescimento da aceitação no Brasil. Desde 2011, o STF (Supremo Tribunal Federal) vem pautando o debate público ao protagonizar decisões significativas para esta população, diante da omissão do Congresso Nacional.

Entre elas, estão julgamentos que permitiram o casamento homoafetivo no Brasil, assim como a decisão sobre a criminalização da LGBTfobia, e a mais recente, que derrubou as restrições à homens gays na doação de sangue.

Apesar das grandes mudanças nas leis e normas em torno da questão do casamento homoafetivo e dos direitos das pessoas LGBT no ambiente de trabalho em todo o mundo, o relatório constata que a percepção sobre a aceitação da homossexualidade na sociedade permanece dividida por região.

Mais da metade dos entrevistados em 16 dos 34 países pesquisados dizem que a homossexualidade deve ser aceita pela sociedade, mas discrepâncias expressivas entre os índices nacionais persistem, aponta a pesquisa.

Segundo o instituto, um dos fatores que influenciou as respostas é o alinhamento político dos entrevistados: pessoas mais à direita apoiam menos o tema do que quem está à esquerda no espectro político.

De modo geral, aqueles que apresentam ideologias políticas à esquerda tendem a aceitar mais a homossexualidade do que os com inclinação à direita.

Em 25 dos 34 países em que a pesquisa foi realizada, aqueles que dizem que a religião é “um tanto”, “não muito” ou “nada” importante em suas vidas têm mais probabilidade de dizer que a homossexualidade deve ser aceita do que aqueles que dizem que a religião é “muito” importante.

Outro fator determinante para a percepção da homossexualidade, segundo o Instituto Pew, é a idade. Em 2 de cada 3 países analisados, os jovens se mostraram significativamente mais propensos a serem favoráveis na questão.

Porém, o estudo mostra que as opiniões estão mudando em muitos dos países pesquisados desde 2002, quando o Pew começou a fazer a pergunta sobre se a homossexualidade deveria ser aceita pela sociedade ou não em suas pesquisas internacionais.

Entre 2002 e 2019, houve um aumento de dois dígitos na aceitação da homossexualidade em geral, incluindo um aumento de 21 pontos percentuais na África do Sul e um aumento de 19 pontos percentuais na Coréia do Sul no consolidado.

O Pew Research Center coleta dados sobre a aceitação da homossexualidade nos Estados Unidos desde 1994, e afirma que houve um aumento relativamente constante na parcela que afirma que a homossexualidade deve ser aceita pela sociedade norte-americana desde 2000. O percentual de entrevistados que aceitam homossexualidade subiu para 72% em 2019, ante 60% em 2013.

Aproximadamente três quartos dos norte-americanos, 72%, disseram que a homossexualidade deve ser aceita pela sociedade. Mais de oito em cada dez democratas, 85%, afirmaram que a homossexualidade deve ser aceita, mas apenas 58% dos republicanos disseram o mesmo.

Os números também saltaram mais de 20 pontos percentuais na Índia e 16 na Turquia, mas, mesmo assim, o apoio ainda continua baixo: 37% e 25 %, respectivamente. Em 2018, o tribunal superior da Índia descriminalizou a homossexualidade, o que pode ter impactado o resultado da pesquisa no país.

No Líbano, 85% dos entrevistados disseram que a homossexualidade não deveria ser aceita, enquanto 72% na Tunísia disseram que sim, que deveria ser aceita. A taxa média de aceitação da homossexualidade na Europa Central e Oriental foi de 46%.

Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/f6HkxQnnqfk

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