103 anos depois, província do Moxico passa à margem do desenvolvimento

Depois de ter sido repescado em Setembro de 2017, aquando da sua aparatosa queda do Ministério de Reinserção Social, há três anos como governador da Província do Moxico, o professor Gonçalves Manuel Muandumba, ainda não conseguiu colocar aquela província do Leste de Angola no trilho do desenvolvimento.

As denúncias que chegam do Moxico são de bradar os céus e de deixar os cabelos de qualquer cidadão eriçados.

Só para se ter uma ideia, numa província que se quer desenvolver existem apenas duas estradas completas que ligam a capital da província para as sedes municipais.

Esta denúncia feita pelo Bispo do Lwena, Dom Tirso Blanco vem apenas elucidar o drama da falta de estradas no Leste de Angola e o subdesenvolvimento a que a província do Moxico foi atirada com a entrada de Gonçalves Muandumba, por sinal, o sétimo governante daquela província depois de João Ernesto dos Santos "Liberdade", que estava no cargo, imaginem, há 26 anos.

Segundo o prelado, as duas estradas que existem são as que ligam o Luena ao Camanongue e Luena ao Lucusse. “As estradas que estão inacabadas são do Luena/Lumbala Nguimbo, Luena/Lutembo, Luena/Luvuei e no final Luena/Saurimo”, garantiu, notando que as demais estradas que se conhecem não existem pelo simples facto de não terem beneficiado de asfaltagem.

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Embora se lhe reconheça alguma experiência na docência, consultoria, concepção e coordenação de projectos, Gonçalves Muandumba que também é mestrando em governação e administração local pela Universidade Agostinho Neto, não tem dado conta do recado no que a governação provincial diz respeito.

Daniel Manuel, outro residente do Moxico é da mesma opinião do bispo católico e vai mais longe.

“Aqui no Moxico estamos asfixiados com as disparidades e assimetrias regionais. Moxico clama fortemente pelas vias de acesso que facilitem a integração económica e social, bem como fomentar a actividade empresarial”, explicou, para depois dizer que precisam também de políticas ajustadas a realidade do Moxico.

“Realidades essas que o governador Gonçalves Muandumba não tem estado a dar conta, principalmente numa altura que a província precisa urgentemente de políticas com mais incentivo à classe empresarial”, sustenta.

Mexidas sem nexo no MPLA

Nas terras do Moxico, Muandumba é acusado de promover destituições no secretariado do Comité Provincial do partido, tendo as mais recentes vítimas desta cabala sido três secretários estando na forja a queda de vários administradores municipais e membros do seu pelouro.

Segundo fontes do Lil Pasta News, que preferem não ser alvo de represálias, Gonçalves Muandumba pretende com esta limpeza selectiva colocar pessoas da sua inteira confiança, agindo como Job Capapinha no Kuanza Sul, onde o nepotismo, a corrupção e o saque dos dinheiros públicos em empreitadas que em nada dignificam a vida das populações.

Entretanto, para pessoas ligadas a Gonçalves Muandumba, o subdesenvolvimento da província do Moxico deve-se, supostamente, ao facto do Governante ser da Lunda-Sul, sendo que não tem estado a ter espaço para trabalhar em paz como os seus antecessores.

“Mas eles esquecem-se que a província do Moxico é a mais heterogênea do leste, já que a maior parte dos seus filhos são resultado de cruzamentos entre kiokos, luvale, bundas, luchazes, lundas, umbundos e pela importância que a província teve no conflito armado temos filhos de angolanos de Cabinda ao Cunene e do mar ao leste”, apontam os nossos interlocutores deixando cair por terra a falsa ideia de que o antigo homem do Minjud tem estado a ser combatido e apontam exemplos práticos que devem ser levados em conta.

“O General Liberdade, por exemplo, governou sempre criando balanços étnicos e regionais”, apontam, para depois dizer que há três anos no comando da província do Moxico, o pelouro de Gonçalves Muandumba ainda atribuem a má governação da província ao anterior governador, numa altura que Muandumba desempenhava o papel de Ministro no governo de José Eduardo dos Santos.

Ao que dizem as nossas fontes, nem todos os administradores seguem o mesmo diapasão de Muandumba.

Por este facto, enaltecem o administrador do Luau que teve a coragem de dizer publicamente que “é urgente e necessário repensar a situação do Moxico”.

De referir que Gonçalves Muandumba já desempenhou, entre outros cargos, o de governador da província da Lunda Sul (1992 a 1998), ministro da Juventude e Desportos (2008-2016) e da Reinserção Social (2016-2017). Além de Muandumba, eis os governadores que já passaram pela província: - Armando Fandamo Ndembo (1976-1979) - Marquês Monacapi Bassovava (1979-1981) - Celestino Figueiredo Chinhama (1981-1983) - João Manuel Gonçalves Lourenço (1983-1986), actual Presidente da República - Jaime Baptista Donge (1986-1991) - João Ernesto dos Santos “Liberdade” (1991-2017) Fundada a 15 de Setembro de 1917, a província é a maior de Angola em termos de extensão territorial (223 mil 23 quilómetros quadrados) com uma população de 758.568 habitantes (censo2014).

Com a capital provincial na cidade do Luena, Moxico compreende nove municípios, nomeadamente, Alto Zambeze, Bundas, Camanongue, Cameia, Léua, Luacano, Luau, Luchazes e Moxico (sede provincial).

Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/1s-8WxwdXIw

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