É assunto recorrente a falta de combustível nos carros de reportagens da RNA e noutros veículos de transporte dos trabalhadores e actividade corrente da empresa. Esta realidade, porém, não se verifica na frota dos seus V8, por beneficiarem de fundos exclusivos para atestar os seus depósitos.
Aconteceu nesta sexta-feira, 22 de Maio. em Luanda. O repórter Francisco Gonçalves da Rádio Viana, e o seu colega de missão Bernado Atanaz, no motorista da viatura Suzuki Jimmy, foram forçados a desistir de uma cobertura jornalística depois de notarem que o depósito do combustível do carro em que seguia estava zerado.
A missão era acompanhar o Ministro da Indústria e Comércio, Victor Fernandes, que fazia visitas ao Parque Industrial de Luanda, a Zona Económica Especial e a outras fábricas que se encontram foram dos dois anteriores perímetros.
Victor Fernandes foi à Viana e Cacuaco onde radiografou o estado da indústria naqueles territórios de Luanda.
As emissoras provinciais, os centros de produção espalhados em todo o país, assim como as emissoras de proximidade, como as Rádio Viana, Cacuaco e Cazenga, vivem há muito situação de clara penúria e visível mendicidade junto dos empresários e dos governos provinciais.
O actual Conselho de Administração cortou tudo: fundos de maneio para as rádios.
Centralizou, na totalidade, as receitas de publicidade das emissoras, bloqueou o envio de material gastáveis e equipamentos de trabalho como computadores e impressoras. Não quer enviar os emissores da Rádio Cabinda por alegada falta de verba. Estes equipamentos encontram-se amontoados na cave da RNA, com o lógico prejuízo das populações de Cabinda não beneficiarem do direito à informação, consagrado constitucionalmente.
No recente encontro entre o Ministro Manuel Homem, o Conselho de Administração, os Directores de Serviço das diferentes áreas e emissoras, o novo titular ouviu das bocas de António Pinto, director da Rádio Cacuaco; de Domingos Issanzo, director da Rádio Ngola Yetu, da Claudia Londa, Directora do Canal Internacional e de Afonso Quintas, director da Rádio Luanda, veementes clamores de
salvação da RNA.
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Antonio Pinto olhou para os conteúdos da emissora e concluiu que a mesma está longe de ser aquela rádio-mãe de Angola. Pinto disse que a RNA está totalmente descaracterizada. E pediu: “por favor salvem a rádio”. Domingos não só pediu salvação ao da Rádio Ngola Yetu mas denunciou o que pode ser um golpe rude para os objectivos estratégico do estado, do governo e do Partido de Governo. “ Senhor Ministro, este Conselho de Administração quer reduzir de 14 para 7 línguas nacionais na emissora. Diz o Conselho que as línguas nacionais não fazem falta”- disse Issanzo.Claudia Londa também denunciou que o PCA , Paula Simons e Fidel da Silva estão empenhados em fechar o Canal Internacional sob a alegação de que são inúteis. Londa lembrou, e foi novidade para Manuel Homem, que uma das graces medidas tomadas por este Conselho foi o encerramento da Rádio On Line. No espaço onde funcionava esta rádio, Marcos Lopes e companhia montaram um mini estúdio para monitorar a quantidade de publicidade veiculada pela Rádio Luanda e Rádio Cinco. Para eles o dinheiro tem de estar em absoluto controlo.
De Afonso Quintas, o Ministro homem também ouviu novidades, mas para o Secretario de Estado, Nuno Carnaval, o que o Quintas disse não eram novidades. No seu meteórico consulado de Ministro Nuno já teria tomado nota de tudo dito pelo Quintas. Afonso Quintas voltou a denunciar que o Conselho de
Administração da RNA era constituído por indivíduos insensíveis e gananciosos, que tudo comem a custa de quem trabalha. A Rádio Luanda, a emissora de maior audiência na capital, factura mensalmente mais de 30 milhões de Kwanzas. Por esta produtividade, a Rádio Luanda recebe ZERO KWANZA de bónus mensal. Este dinheiro esfuma-se, não se sabe para onde.
Naquele encontro via-se um Quintas sereno mais seguro e convicto no que dizia. “ Atirei a toalha ao tapete. Exonerei-me já hoje”- concluiria de forma comovedora a sua intervenção o jornalista e radialista Afonso Quintas. Já no encontro com Nuno Carnaval, enquanto ministro, no mesmo auditório Rui Carvalho, o Afonso Quintas e o líder sindical, Africano Neto, haviam pedido ao então ministro para que quando terminasse a reunião levasse também consigo o seu PCA e os seus Administradores. “ Perdemos confiança neste Conselho, senhor Ministro Nuno”, disseram na ocasião o Afonso Quintas e o Africano Neto.
No encontro com Manuel Homem, depois do Quintas dizer parte das makas da empresa e parte do
que lhe vinha à alma, o ministro pediu , quase em súplica: “ Quintas, não atira nada a toalha ao tapete. Precisamos de si”.
Tudo aquilo que Nuno carnaval ouviu e constatou, tudo aquilo que o Ministro Homem constatou, apalpou e sentiu, cremos que o governante não vai titubear se quiser ter um consulado calmo com o apoio e colaboração de todos os profissionais do sector.
Ministro Nuno e Ministro Manuel Homem perguntem ao João Melo o sono que o Sindicato lhe tirou. Houve uma sessão que Ministro e a sua equipa . incluindo o Secretário de Estado do Trabalho mediador e os sindicalistas chegaram a troca de palavras rijas. “ Senhor Ministro você não ameaça ninguém a aqui. Este Conselho só faz o que está fazer porque tem uma sombrinha a proteger o PCA”- denunciou Teixeira Cândido naquela agitada reunião. À coragem e frontalidade de Teixeira Cândido, o ministro João Melo perguntou: “ quem é a sombrinha?”. “É o Frederico Cardoso, chefe da Casa Civil e tio do Marcos. Foi ele quem o pôs aqui”-respondeu secretário geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, Teixeira Cândido.
A Rádio Nacional está envolta numa crise sem precedentes, e de consequências graves. Há muita coisa que está rolar por baixo e que o Ministro Homem não sabe. Não hesite nem titubeie como o Ministro Nuno Carnaval. Ele tinha uma missão e não cumpriu. Diz-se que deixou enrolar pelos novos Marimbondos da Rádio. Estamos em crer que o Ministro Manuel Homem já percebeu ou está a perceber o que passa na RNA. Rádio descaracterizada e a trabalhar a baixo de meio-gás e vítima de gestão danosa. O seu futuro vai depender da forma como está lidar com esta situação, por certo explosiva. Manuel Homem, pessoa, ao que parece, de bem, porque conhecemos o seu condão religioso, desta vez não deverá hesitar nem perder tempo, com o seu antessesor. Vai agir em conformidade. Mandar para casa o actual Conselho de Administração. É a solução!
Por: Jorge de Aguiar
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