Uma vista do Centro Cultural do Huambo, cuja obras estão paralisadas há sete anos
“Essa obra já foi paga, na totalidade, por duas vezes. Ninguém, até hoje, sabe ao certo como foi aplicado o dinheiro disponibilizado pelo Estado. Na realidade, foram largos milhões de dólares. Há quem fale mesmo em mais de 53 milhões de dólares”. Esta descrição é de um jovem fotógrafo, assegurando ser esta a “notícia” que corre, de boca-em-boca, um pouco por toda a cidade e arredores.
O jovem, que finta o desemprego com o serviço de fotografias no Jardim da Cultura, diz estar desiludido por não ver a obra concluída. “Começou em 2011 e ficou para ser entregue, em 2015, pela Soares da Costa”, sublinha, acrescentando que “o letreiro, mesmo fusco, descrevendo tudo sobre a obra”.
“Já passaram mais de três governadores e cada um fez as suas promessas, sem nada avançar. Está-se, agora, à espera para ver o que é que a governadora Joana Lina Cândido pode fazer em relação à obra”, acrescenta outro fotógrafo, “com mais de trinta anos de experiência”, como se gaba.
Quando se questiona alguém ligado ao Governo Provincial do Huambo sobre os valores já aplicados surgem apenas evasivas e divagações. Há quem assegure - pedindo-nos anonimato – que 53 milhões de dólares já terão sido aplicados nas obras do Centro Cultural.
“No tempo do ‘dinheiro fácil’, houve, além dos 53 milhões de dólares, mais três tranches de 14 milhões de dólares cada, perfazendo, no total, 95 milhões de dólares”, contabiliza, com propriedade, quem, provavelmente, conhece os meandros da empreitada e engenharia financeira.
Mas, na sede do poder local, ninguém confirma a veracidade dos números. “Tudo especulação”, diz categoricamente um funcionário. “Acham que se fossem todos estes valores, que são apontados, a obra já não teria determinado há muito tempo?”, questionou.
Na visita que fez ao centro, Joana Lina Cândido preferiu passar ‘de lado das contas desencontradas’, deixando explicitamente subentendido que o dossier é de subordinação central e sem subsídios a avançar em termos de valores, até agora, já aplicados.
Equipa de peso
Em 2011, quando começaram os trabalhos, foi avançado que o projecto estava orçado em ‘irrisórios’ cinco milhões de dólares e que a obra devia estar concluída em 18 meses. Faustino Muteka era, à época, o governador provincial do Huambo.
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Pedro Nambongue Chissanga, então director da Cultura, era um homem eufórico quando se debruçava sobre o centro: “o empreendimento apresenta características modernas, do ponto de vista de arquitectura”, tendo avançado que o mesmo, depois de concluído, teria capacidade para acolher confortavelmente mil pessoas por dia.
Obra inclusiva…
No projecto arquitectónico consta que o centro terá três cine-teatros, com mais de 100 lugares cada, duas salas de conferências, de 50 lugares cada, áreas de exposição de obras de arte, de literatura e música, duas salas para aulas de dança e duas para artes plásticas e artesanato.
Os projectistas incluíram ainda 11 lojas de venda de produtos artísticos e culturais, enquanto no segundo piso, propiciando uma visão periférica da parte alta da cidade, está previsto um restaurante e áreas de apoio aos actores e músicos em dias de exibição de espectáculos.
Mesmo com todas estas valências as dúvidas subsistem: Quanto já terá sido investido na construção do Centro Cultural do Huambo? Como uma obra dessa dimensão ficou muitos anos por concluir? Quem ‘assume e paga’ a factura final da obra?
Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/cFj5p2b6_iY
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