O Corona-Crise e a Geopolitica dos Recursos Naturais do Ocidente em África - Benjamim Dunda

Nos escritos do Professor Alexandre Massuela, define-se Recursos Naturais como bens susceptíveis de aproveitamento económico ou de utilização pela humanidade e que, por princípio, não são produzíveis pela acção humana. Estão distribuídos em Recursos naturais nacionais, partilhados e internacionais. E Obedecem a seguinte classificação: recursos minerais; hídricos; biológicos; e energéticos.


Segundo o economista Job Viner alude o Prof. Massuela, existem quatro (4) pressupostos basilares que analisados em conjunto destacam à íntima relação entre factores políticos e económicos. Para esta reflexão apenas salientamos dois;

 1. A riqueza é um meio essencial para alcançar poder;

 2. O poder é essencial ou muito útil como meio de aquisição ou de retenção da riqueza;

A crise sanitária que o mundo enfrenta, além de ceifar vidas humanas, o vírus também tem destruído a estrutura pulmonar da economia mundial. Estudos decorrem para se encontrar os fármacos para o seu combate. Cientistas de várias partes do mundo, tentam forjar o melhor arsenal farmacológico para enfrentar o inimigo perigoso, invisível e global. Governos até das economias mais avançadas vão fazendo ajustes das suas políticas económicas e ainda assim a incerteza permanece pela ausência da cura da Pandemia. Conforme observam Helena Carreiras e André Malamud num artigo publicado no jornal português “ O Público” com o titulo (geopolítica do coronavirus), os países desenvolvidos vão enfrentar uma dupla crise: sanitária e económica; e os países subdesenvolvidos vão viver uma tripla crise: sanitária, económica e social.

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A profunda crise económica que o coronavirus tem causado, vai obrigar as grandes potências e aqui com a devida emenda (ocidente), a empregar uma geopolítica mais intervencionista e expansionista na exploração dos recursos naturais em África. O continente, nos próximos anos vai presenciar uma disputa que julgo, será desigual onde o ocidente por razões de relações históricas (colonização) e da força do seu poder, terá mais vantagens. Como teoriza o filosofo Noam Chomsky na sua imponente obra “Quem manda o mundo”; a politica externa do ocidente (realce EUA), está ancorada no princípio de dominação. Adiciona Chomsky, que o ocidente prega a Politica dos Três Tudo (matam tudo, saqueiam tudo, e queimam tudo). Encerra o autor, que os (EUA) é que mandam no mundo, e é o principal Estado terrorista do mundo, auto-imunizado contra qualquer sistema legal internacional.

Os Estados africanos, à lupa do ocidente e dos Americanos são Estados minúsculos e não representam qualquer ameaça aos básicos interesses de Segurança desses Estados. Todavia os Estados com o poderio militar forte (armas nucleares e outros) conseguem bloquear as potências ocidentais no acesso irrestrito aos recursos naturais nos seus territórios por via da dissuasão na sua forma subtil e poderosa, pelo medo partilhado da mútua destruição.

África é fonte de alimentação económica das grandes potências sobretudo do ocidente. Os intermináveis conflitos e períodos de instabilidades que se registam no continente na sua maioria são instigados pelo ocidente e outras potencias. O princípio da soberania permanente dos recursos naturais é um dilema de considerável peso. O crise imposta pelo coronavirus, pode oferecer uma oportunidade única aos Estados africanos a cooperarem mais, quer em bloco como em rede a nível do continente para criarem os melhores pressupostos para o desenvolvimento de África, de modo a evitar essa avassaladora dependência das superpotência cujo interesse destes, é manter um continente mais dividido e instável como recomendam algumas teorias clássicas da geopolítica. O actual momento de isolacionismo e confinamento nacional que s crise sanitária nos coloca, deve ser de reflexão como recomendou o Papa Francisco.

Ensina o Professor e Estratega Gilberto Veríssimo, que a cultura estratégica é a forma como uma nação se mobiliza face a um conjunto de desafios internos e externos. Para que isso ocorra na forma mais perfeita possível, é imperioso os governos africanos fazerem uma aposta de maior envergadura no capital humano e na ciência. A cooperação entre os africanos temos que admitir com a clareza necessária ainda é deficiente. Os líderes políticos têm que dialogar e negociar mais sobre as vulnerabilidade a corrigir e as potencialidades a empregar. O Estado hoje é um ser social, sendo impossível por si só realizar completamente as tradicionais funções que a ele se imputa (segurança, justiça e bem-estar).

Os Drs. Miguel Bembe e António Silva Ribeiro nos oferecem uma discussão interessante na recente obra publicada, “Manual de elaboração de políticas públicas”. Em África, as políticas públicas são muito mal concebidas e quando são, falham redondamente na execução material. A crise pos-coronavirus será um nervo sensível para eclosão de muitos conflitos no continente caso os líderes africanos não tomarem as medidas mais eficazes.

Os abundantes recursos naturais que o continente possui não podem ser a principal causa da sua maldição como Jean Bertin apontou que “A maldição da RDC é sua riqueza”. É conhecido até pelos cidadãos mais desavisados da RDC e do continente que as bases militares do ocidente e da ONU instaladas em vários solos em África para missões de paz, furtam-se grandemente desse objectivo e disseminam o caos. Como afirmara a Professora Adélia de Carvalho “as missões de paz da ONU para África, fracassam muito pelo facto desta organização optar sanar os conflitos pela via militarizada e não da dissuasão diplomática”.

A União Africana é cúmulo do fracasso em que os seus textos constitucionais só estão repletos de boas intenções que nunca saíram dos papéis. Se queremos fazer diferente o momento é este.

Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/L8zqCMq7wjY

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