Kwanza-sul: Governador acusado de mexer nos fundos públicos - Fernando Caetano

É caso para dizer que o gene de José Eduardo dos Santos persiste na governação de João Lourenço, quando o assunto tem a ver com a delapidação do dinheiro público. A exemplo da província do Cunene, na governação de Virgílio Tchova, este por sua vez ignorou os apelos do Presidente da República em governar com transparência e idoneidade a coisa pública.

Tchova desviou fundos do Estado e meios de transporte destinados ao programa da seca na província para benefício próprio e como resultado, foi exonerado.

Na província do Kwanza Sul a realidade não é diferente. Sem meias medidas Job Capapinha aproveitando-se da confiança que lhe foi depositada pelo Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço em governar esta província, mandou JLo à fava e roubou dos cofres do estado vários milhões de kwanzas.

As várias denúncias dão conta que o governo do Kwanza Sul gasta cerca de 139.999.400.00 (139 milhões e 999 mil e 400 kwanzas ano) no pagamento do aluguer de duas viaturas de marca Toyota Prado TXL para os vice-govenadores.

Segundo o documento chegado em nossa posse, o governo firmou um contrato milionário com a empresa Ango-Gueró de um cidadão expatriado da Mauritânia, empresa criada em Dezembro de 2018, um mês antes da tomada de posse de Job Capapinha e o governo local paga diariamente por cada viatura o valor de 191.780.00.

No contrato de nove páginas e sete anexos sustentado por dez cláusulas, onde a quarta cláusula obriga o governo do Kwanza-Sul pagar diariamente o valor supracitado. Sabe-se os respectivos têm sido pagos já na totalidade.

O valor provado na Ordem de Saque n.º 1.666, com emissão feita em 13 de Novembro de 2019, da conta que a empresa Ango-Gueró pertence ao cidadão Mohamed Yesslim Yssemu, de 32 anos de idade.

Chama atenção a engenharia engendrada, uma vez que a sede da empresa se encontra no bairro do Chingo, na cidade do Sumbe, com sucursal no município de Belas, no Morro Bento, em Luanda, e os pagamentos são efectuados na Agência nº 286 do Banco de Poupança e Crédito, da vila do Seles, há mais de 70 quilómetros da cidade do Sumbe, quando a Ango-Gueró nem sequer filial tem no município de Seles.

Entre os questionamentos verificados no contrato milionário onde é notável a vontade e o interesse de Job Capapinha no esbanjamento do erário público que devia servir para o bem das populações segundo o jurista da praça local.

“Percebe-se que já houve um conluio, porque a empresa recebeu dinheiros numa data anterior a assinatura do contrato. O que pressupõe dizer que o contrato foi feito justamente com a pretensão de lesar o interesse público”, disse um analista local.

O especialista em contratação pública que pediu anonimato, disse que o governo do Kwanza Sul, enquanto órgão da administração local do Estado, tem direito de prestar contrato de a locação de bens com vista a satisfação do interesse público sem atropelo à Lei.

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Por sua vez o jurista Nelson Custódio foi peremptório em afirmar que Job Capapinha, como assinante do contrato, violou a Lei de Contratação Pública, em violação a Constituição da República e faltou respeito ao povo que jurou defender:

“Esse contrato é totalmente imoral, ilegal, abusivo e lesivo aos nossos interesses. Nós a população do
Kwanza Sul verificamos que o contrato foi celebrado com única e exclusiva finalidade de roubar, não tem outra palavra que nós possamos usar que não seja esta, de roubar fundos públicos, de corromper, de desviar de maneira vergonhosa fundos públicos, e é totalmente a revelia daquilo que diz a Lei de Contratação Pública”, assegurou.


Manuel Joaquim Calumbo é sindicalista e membro do Conselho de Auscultação e Concertação Social local, diz ser pouca vergonha de Capapinha uma vez que o Kwanza Sul ainda precisa se erguer das agruras que a assolam diariamente.

“Sabemos que o governador faz parte das políticas traçadas pelo próprio partido. Ele é membro do MPLA e, como vemos naquilo que foi a campanha que catapultou o Presidente da República, é o combate a essas práticas que se tivermos que recuarmos um pouco a história, são as mesmas que enfermaram o país e colocaram-no na condição que vemos hoje. Não podemos continuar com essas práticas”, realçou.

Entretanto o político e membro do CACS local, Armando Manuel Kakepa, advoga ser um grande escândalo para os kwanzasulinos que clama por melhorias de condições de vida.

“É mais um escândalo que se assiste aqui na província e como membro do Conselho de Auscultação e Concertação Social, espero que nos esclareça. E a se consumar que mais uma vez aconteceu aqui na província este aluguer de viaturas, honestamente falando o povo tem que se levantar. Como angolano, ainda não falo como partidário, falo mesmo como cidadão desta província que está sendo maltratada a 100%, nós vamos nos levantar. É que os angolanos devem saber que o MPLA vai sempre gerir mal os recursos deste país”, disse.

Do encontro mantido ontem segunda-feira 11 do mês e ano em curso, Job Capapinha visivelmente envergonhado, disse aos membros do seu governo que o roubo na província do Kwanza Sul deixou de existir em 2018 e não há mais nada para surripiar, contrariando seus intentos quando que, da verba a locada para prevenção da Covid-19 no valor de 75 milhões adicionados os 1 milhão que o MPLA doou perfazendo 76 milhões de kwanzas, os mesmos foram desviados por este, pelo director da saúde e pelo secretário do governo provincial com facturas forjadas e com valores avultados.

Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/CNgHWrbLLms

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