JORGE KISSEQUE ACUSA: “governo do Uíge queria silenciar-me em troca de uma casa e bolsa de estudo”


Reina corrupção no governo provincial do Uíge. As cubas que estavam tapadas finalmente foram destapadas hoje, quarta-feira, nesta cidade, pelo activista Jorge Kisseque que admitiu ao Wizi-Kongo que o governo provincial do Uíge, concretamente, por via do seu vice-governador, Afonso Luviluku, queria silencia-lo em troca de uma casa na centralidade do Kilumosso, bem como de uma bolsa de estudo, para evitar denunciar os actos de corrupção cometidos por este responsável que ocupa o cargo dos sectores técnico e infra-estruturas há 10 anos na região.

Começou por dizer Kisseque “tenho mais do que provas suficiente, onde Afonso Luviluku está implicado em actos de corrupção e muito mais, para isso, procurou silenciar-me com uma casa na centralidade do Kilumosso, claro, recebi essa casa porque foi construída com o dinheiro do povo angolano e também beneficie da bolsa de estudo numa das universidades locais, mais nem com isso me calei por tratar-se de uma luta que faço visando contribuir no melhoramento da vida das famílias, que, por culpa de actos destes vivem mal”.

A maioria dos investimentos públicos na província do Uíge estão totalmente abandonados por culpa do seu vice-governador provincial, Afonso Luviluku. Essas obras, mesmo estando repetidos em vários anos no Orçamento Geral do Estado, boa parte delas nunca tiveram inicio e as que foram iniciadas em nada valeram, entre elas, estão as obras da “construção de uma escola de 24 salas de aulas no município de Kangola”, “asfaltagem das ruas da vila do Bembe”, “construção da unidade da Polícia de Intervenção Rápida”, “estradas do bairro Kandombe Novo/Mongwa Liema” e da “escola do Kilala de 12 salas, apenas seis salas foram construídas, mas até hoje não concluídas”.

Assim, para a construção de uma escola de 24 salas de aula no município de Kongola, previsto no OGE 34 000.000kz (2016), 1000.000kz (2015) e outros 78.000.000kz (cujo ano ficou por se saber). Entretanto, essa obra mesmo com todos os montantes disponibilizados no OGE, não deu início até hoje.

Igualmente, na asfaltagem das ruas da vila do Bembe, foi previsto em dois OGE, sendo o primeiro de 170.975.416kz (2015) e um ano depois, isto é, em 2016, a mesma obra da asfaltagem das ruas da vila do Bembe voltou a beneficiar de um montante de 487.402.136kzs. Quer em 2015, quer em 2016, não se fez nada com este dinheiro, ou seja, até hoje, nunca se realizou a obra.

Para a construção da unidade da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), beneficiou de uma cota em quatro OGE, tendo o primeiro começado em 2015 com o valor de 383.842.113kz, depois em 2016, ficou fixado em 95.680.300kz, no terceiro, isto é, em 2018 orçada em 100.000kz e apareceu em 2019 com o valor de 282.461.044kz, a exemplo das outras obras, essa também até hoje nunca começou.

Quanto a estrada do bairro Kandombe Novo/Mongwa Liema, periferia da cidade do Uíge, em 2015 estava avaliada em 499.067.691kz, enquanto em 2016, estava por 250.0007.691kz, em 2018 por 100.000kz. Porém, a mesma obra, ainda em 2019 surge com uma cota no OGE de 396.130.843kz. Essa mesma obra, apesar de ter beneficiada de trabalhos de terraplanagem num dos OGE, actualmente encontra-se totalmente esburacada (difícil de se circular). Também, mesmo tendo já os pagamentos, a escola do Kilala de 12 salas, foram apenas construídas seis salas e até hoje não concluídas.

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Wizi-kongo: Jorge Kisseque, porque foi responder hoje a notificação no tribunal do Uíge?

Jorge Kisseque : Sim, fui responder a notificação hoje no tribunal, que, tinha a ver com uma manifestação realizada no dia 24 de Maio de 2019, “encabeçada por mim”, onde em conjunto com outros activistas e o povo do Uíge, pediam a exoneração do corrupto Afonso Luviluku, vice-governador para os sector técnico e infra-estrutura local. Foi por motivo desta manifestação que ele deu entrada uma queixa ao tribunal e, há dois dias fui notificado, tendo, hoje, o dia que dava conta da minha comparência naquela instituição de justiça.

Como ficou a sua situação no tribunal?

O julgamento será no dia 27 do mês e ano em curso, mas antes foi possível saber que Afonso Luviluku quer que Jorge Kisseque lhe pague de indeminização (sete milhões e 500 mil kwanzas), devido daquela manifestação que exigia sua exoneração, tendo em vista a sua incompetência no cargo que exerce. Ele faz da província do Uíge sua pertença, como todos sabem, ele está como vice-governador há 10 anos e é proprietário de muitas casas no Uíge, em todos os projectos construídos pelo governo. Continuou, ele é um arrogante que até o saneamento do município do Uíge está sob seu controlo, quando deveria ser da tutela da administração municipal local, a semelhança do que acontece com os demais municípios da região. Uma das empresas que recolhe o lixo no município do Uíge é dele e as outras foram contratadas por ele, porque estão neste lixo os seus interesses pessoais, aliás, são disponibilizados 22 milhões de kwanzas, por mês, para o efeito da recolha do lixo.

Porque afirma que Afonso Luviluku é corrupto?

Faço entender-vos já, além das várias obras já orçadas e que até aqui nunca arrancaram por culpa dele, é dono de uma mansão onde vive no barro Popular 1, é proprietário de duas casas na centralidade do Kilumosso (modelo moradias “mas que andam fechados há dois anos), também é proprietário de uma casa num dos condomínios luxuoso, onde só os governantes do MPLA tinham direito, localizado após o bairro Kindenuco. A sua directora de gabinete é proprietária de duas casas, uma na centralidade do Kilumosso e outra no bairro da juventude, no Katapa e ao mesmo tempo toda família de Afonso Luviluku reside na centralidade do Kilumosso, onde cada um dos seus parentes é proprietário de uma casa. Achas isso um mero acaso num país em que milhares e milhares de cidadãos vivem sem teto condigno, eles serem privilegiados de tal maneira? As duas casas de Afonso Luviluku na centralidade do Kilumosso estão devidamente localizadas, as mesmas estão na quadra 12, defronte o Fundo Habitacional. Para ter outra noção de como Afonso Luviluku manda em tudo no Uíge, as obras de reabilitação da ex-câmera do governo provincial já andam financiadas há muito tempo, mas até hoje aquela obra bem no coração da cidade, nunca terminou porque o dinheiro foi roubado. Há caminho de cinco anos, essa obra não foi ainda concluída. É o local onde estaria a funcionar o governo provincial do Uíge.

Essa obra estava ser executada por uma empresa de Afonso Luviluku?

Não. O empreiteiro das obras de reabilitação da ex-Câmera, foi o ex mandante provincial da polícia nacional no Uíge, Leitão Ribeiro, mas com a cumplicidade do Afonso Luviluku, por ser ele o encarregado de todas obras a nível da província. Não existe obras a serem feitas na província do Uíge, que ele não assina. “Não sei ainda quanto essa obra terá custado dos cofres do estado, mas sei que foi liquidada a cem por centos e, se este dinheiro foi desviado, então, o vice-governador também recebeu a sua parte”. Salientar que, igualmente, apesar de não saber da soma dos valores, a estrada que liga o centro da cidade para universidade do Kimpa Vita, numa distância por terra de sete quilómetros, apareceu financiadas em dois OGE, os de 2017/2019, mas até hoje as obras nunca tiveram o seu começo, bem como a outra obra que há tempo foi abandonada, a da segunda via que liga os municípios do Uíge/Negage e vive-versa, passando pela aldeia Tange, numa distância de 40 quilómetros.

Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/sbZrIV44Xho

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