Fez o parto em sete ocasiões, em casa, sozinha...perdeu a vida na oitava tentativa

Depois de em sete ocasiões ter feito, em casa, partos sozinha e gerado oito filhos, na oitava gravidez Luísa Morais Santareino, 39 anos, colocou ao mundo, no dia 13 de Maio, mais duas crianças, nas mesmas condições das anteriores mas, desta vez, teve um fim trágico, deixando dez rebentos, sendo os quatro últimos gémeos.

Sem ajuda, Luísa Santareino, então residente no bairro do Benfica, município de Talatona, em Luanda, numa casa de chapas, situada num terreno em litígio, deu à luz os irmãos Rosa e José, às duas horas da madrugada, tendo depois tido complicações pós-parto, que requeriam uma assistência médica a altura.

Ernesto Amando, o esposo, rapidamente saiu de casa àquela hora da madrugada em busca de ajuda para a parturiente e para os recém-nascidos, mas não foi bem sucedido, porque o vizinho utente de uma viatura, a quem bateu a porta, alegou que “era muito cedo para levantar da cama”.

Diante da recusa do vizinho, a alternativa foi apelar à solidariedade de um moto-taxista, “Kupapata”, de três rodas, que prontamente anuiu transportar os gémeos, a Luísa e o esposo para a maternidade. O esforço foi inglório. A parturiente perdeu a vida durante o percurso, deixando Armando, os recém-nascidos e os oito outros filhos entregues a própria sorte.

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Após o enterro de Luísa Santareino, uma vizinha do bairro solidarizou-se com a família e decidiu acolher em casa os gémeos e a irmã mais velha, a Juliana, tendo prestado durante uns dias assistência alimentar, pois os bebés nasceram com pouco peso e a saúde inspirava muitos cuidados.

A vizinha, contactada pelo Jornal de Angola, disse que a falecida teve os dez filhos nas mesmas condições, ou seja, em casa, sem ajuda de ninguém, argumentando que Luísa Santareino “nunca aceitou ir para uma unidade hospitalar, para ter os bebés, por causa de uma tradição, que não revelou”.

Ernesto Armando, está desempregado. O sustento da família era suportado pela malograda, que vendia quissângua, num dos mercados do bairro Benfica.

Com o pouco que ganhava servia para alimentar os oito, o marido, propinas da escola dos filhos e outras necessidades da família. Juliana Armando, 21 anos, é a primogénita da falecida. Estudante da 10ª classe, conta que quando recebeu a notícia da morte da progenitora sentiu “como se estivesse a desfalecer, porque nunca pensei que a mãe fosse nos deixar tão cedo”.

“Ela teve todos os meus irmãos cá em casa e nunca aconteceu nada de anormal”, conta desolada, sublinhando que de agora em diante vai assumir o negócio da família. “Aprendi com a mãe a fazer quissângua e no dia-a-dia, ia com ela vender no mercado”.

Jú, como é também conhecida, disse que quando chegasse a hora das aulas, corria para casa trocar de roupa e ia para escola”, explicou a jovem que apelou as pessoas de boa vontade a prestar ajuda para concluir a construção de uma casa que a mãe iniciou a erguer no bairro do Mundial. A imagem do drama dos gémeos órfãos recém-nascidos, tornou-se viral nas redes sociais. Em função disso, algumas pessoas de boa vontade juntaram-se à causa e doaram alguns bens de primeira necessidade, nomeadamente leite, fraldas, papas, roupas e outros.


Família já tem um “lar”

Neste momento, a família entre eles o pai e sete filhos foi já recolhida pelo Instituto Nacional da Criança (INAC) e colocada sob sua custódia, em Cacuaco, com vista a garantir que a mesma se mantenha “unida, com todo apoio necessário”, disse, ao Jornal de Angola, fonte daquela instituição governamental.

Os gémeos e a irmã mais velha Juliana Armando, devem continuar sob cuidados médicos no Hospital Municipal do Talatona.

Em entrevista ao Jornal de Angola, o director-geral do INAC, Paulo Kalesi, assegurou que a instituição que representa tudo fará para manter a estrutura familiar e inserir na vida produtiva o progenitor que se mostrou incapaz de cuidar dos filhos.

“A nossa missão é garantir que a família se mantenha unida, acautelar a assistência médica aos recém-nascidos, prestar todo o apoio necessário aos restantes membros e salvaguardar os direitos básicos da criança”, disse Paulo Kalesi.

Salientou que a lei prevê que na ausência de um dos progenitores, o sobrevivente tem o dever e missão de cuidar dos filhos, “mas tendo em conta o estado de vulnerabilidade da família e a condição de desempregado do chefe da família, será inserido num dos projectos de apoio social e em colaboração com a Administração Municipal do Talatona prestar todo o apoio àqueles”. Paulo Kalesi garantiu ainda que as crianças da mesma família que não estudam, serão inseridas numa escola e as que ainda não têm documentos de identificação, serão registadas.

“Vamos trabalhar em parceria com a Administração Municipal do Talatona, para encontrar um lugar adequado onde a família possa viver, garantindo as condições mínimas de habitabilidade”, disse o director-geral do INAC.

Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/5O5g-Sp_C8k

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