Caso Alto Kauango: “A vitória tem muitos pais e a derrota é sempre órfã” - general Nunda

O general Sachipengo Nunda, na altura dos Acordos do Alto Kauango era chefe operacional na Região Centro e acompanhou todo processo, na distância geográfica e proximidade das comunicações militares. Instado a pronunciar-se pelo Folha 8 fê-lo começando por uma máxima sublime, para os que fazem a história: “Diante de um facto há sempre a minha história, a tua história e a história”.

Esta resulta de factos, tendo como fontes primárias: Os protagonistas, os documentos e as fontes secundárias: obras escritas por outras pessoas. Na tropa também sabemos que “a vitória tem muitos pais e a derrota é sempre órfã”.

Folha 8 – Hoje, 19 de Maio, completam-se 29 anos da Assinatura dos Acordos do Alto Kauango, o que lhe diz esta data?

General Sachipengo Nunda – Acho que é uma daquelas datas felizes da nossa história, pois depois da rubrica dos Acordos de Bicesse, no dia 15 de Maio, por Lopo de Nascimento, pelo Governo e por Jeremias Chitunda, pela UNITA, havia ainda desconfiança entre as forças que estavam no terreno e essa iniciativa do encontro do General Higino e do General Ben Ben, no Alto Cauango – no Teatro Operacional do Luena foi um sinal muito forte para dar confiança aos Angolanos, no sentido de que desta vez não era mais como Gbadolite.

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F8 – Onde estava na altura e o que tinha conhecimento?

GN – Eu encontrava-me no Teatro Operacional do Bié. Acumulava as funções de Chefe das Operações das FALA e de Comandante da Frente Político-Militar Centro, que abarcava as províncias do Bié, Huambo, Benguela e Kuanza Sul.


F8 – Quando acha que as duas partes se encontraram no Luena?

GN – Eu não acho. De acordo com os Generais Mackenzie que era o Chefe de todo o Sistema de Telecomunicações (das Forcas da UNITA no terreno VHF e HF), da Interceptação das Comunicações das FAPLA (GITOP) e do General Kamorteiro, Comandante das Companhias Móveis de Armas Anti-Tanque, nessa altura, foi no dia 19/05/1991, que o General Higino, com o seu elenco se encontraram com o General Ben Ben e o seu elenco, em que estava também o General Chilingutila. De realçar que foi com o General Chilingutila que todos nós aprendemos a dirigir acções e operações militares mais complexas, em 1979.


Folha 8 – Sabe como foi o primeiro contacto entre William Tonet e as ex-forças militares da UNITA?

GN – O General Mackenzie interferiu na comunicação do jornalista William Tonet, correspondente da Voz da América, para dizer que devia transmitir, igualmente, as informações do lado da UNITA. William desafiou-o, perguntando se aceitaria que ele fosse ao Comando da UNITA. Depois do General Mackenzie ter a autorização do Ben Ben e este do Alto Comandante Jonas Savimbi, o jornalista William Tonet foi, com a jornalista Luísa Ribeiro e mais uma cujo nome esqueço neste momento (Rosa Inguane), dia 15/05/1991, ao encontro do Comando das FALA, no teatro do Luena e regressaram à cidade do Luena, dia 16/05/1991.

William Tonet propôs a possibilidade do encontro entre os dois Comandos, que depois das autorizações devidas, foi possível no dia 19/05/1991, segundo o General Mackenzie, cerca das 12:30, o encontro histórico entre as delegações do General Higino – Chefe o EMG em exercício das FAPLA e do General Ben Ben, Chefe do EMG no Alto Cauango.

Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/CnWWLt_rB90

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