ANGOLA E OS RISCOS DE UMA CRISE HUMANITÁRIA SEM PRECEDENTES


Já lá se vão os anos, que não víamos mais, famílias inteiras ou crianças famintas, amontoadas nas lixeiras de Luanda a procura do que comerem. Nem muito menos famílias a alimentarem-se de ratos, gatos ou até cães. Isso, no meu pensamento era somente possível vivenciarmos em tempo de guerra, mas parece que lamentavelmente voltamos a essa realidade absurda que seria (in)evitável e percebemos que afinal de contas também é possível em tempo de covid-19.

O covid-19, veio expôr uma realidade que a muitos anos estava escondida nos guetos, bairros e casebres de Luanda e longe das cidades grandes. Esta realidade de fome extrema de muitas famílias Angolanas, sempre foi disfarçada na luta pela sobrevivência e dignidade daqueles que preferiram a honestidade e o sacrifício na luta do ganha pão de cada dia através  da zunga e outros ofícios diários.

Infelizmente tais ofícios que sustentam o mercado informal e que mantinham muitas das famílias Angolanas à aceitarem e a sobreviverem a baixo da linha da pobreza, à cada dia que passa vão perdendo a força, fruto da incapacidade do poder de compra dos angolanos da classe média-alta que sempre mantiveram o negócio da zunga e o mercado informal.

O fraco poder de compra dos Angolanos, irá agravar-se ainda mais, em tempo de coronavírus, e os pobres e necessitados irão aumentar consideravelmente nas ruas de Luanda e arredores a solicitarem comida e esmolas para puderem sobreviver nesta fase tão difícil.

Os pobres e os necessitados, fazem parte das famílias fragilizadas pela corrupção endêmica, que o nosso país viveu, da má divisão equitativa de riquezas, divisões de classes, e acumulação primitiva de capitais, feita por um grupo bastante selecto de pessoas, que tornaram-se ricas e poderosas com o erário público, em consequência a camada mais baixa perdeu as oportunidades de puderem ultrapassarem a linha da pobreza que hoje aproxima-se para a linha da pobreza extrema.

 Essas famílias que enfrentarão a pobreza extrema, terão que trilhar dois caminhos possíveis. O primeiro da morte certa, causada pela fome, e o segundo a rebelião contra o resto da sociedade, aumentando o número de assaltos, crimes violentos, e outros.

Caso o governo e seus parceiros não criarem métodos e formas de contenção desta camada já fragilizada, com vários problemas sociais que agora lhes é acrescido o problema maior e mais devastador de todos...à fome! A situação poderá agravar-se.

Devemos lembrar que essas famílias que correm o risco de enfrentarem um crise humanitária sem precedentes sempre conseguiram ludribilhar a pobreza com sua audácia, coragem e espírito de sobrevivência.

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Mas que em tempos tão difíceis como estes, muitas  das famílias que sobreviveram pela coragem de vencerem os obstáculos da vida, correm agora o risco de sucumbirem ao longo da jornada da luta contra a fome extrema fruto da pandemia causada pelo coronavírus.

A quarentena, e o estado de emergência, fruto do coronavírus, está a trazer consequências gravíssimas na vida de milhões de famílias Angolanas, que para além de perderem os seus pequenos negócios, não encontram clientes ou oportunidades de empregos ou pequenos “biscates”para terem algum dinheiro para sustentar fundamentalmente os filhos mais pequenos.

Esta situação, precisa ser muito bem observada e o cenário deve ser analisado com muita cautela para que nada fuja do controle.

Porém o número de famílias que correm o risco de passarem fome extrema só aumenta à cada dia, e se não existir acções concretas de mitigação desses problemas poderemos ter uma convulsão social.

Penso ser sensato, nós os Angolanos de Cabinda ao Cunene voltarmos a desenvolver o espírito de “sobrevivência colectiva” em tempos de crise, aliás foi esse espírito que durante o período da Guerra que durou mais de três décadas, nos manteve unidos, fortes e solidários, par que ninguém morresse à fome.

Somente desta forma evitaremos uma grande confusão social. Estamos todos confinados aqui, é importante lembrar que ninguém entra e ninguém sai, e a propriedade privada e a nossa integridade física deve ser salvaguardada através do espírito que quem tiver um pouco mais, deve pensar em quem não tem nada e partilhar, quanto o governo procura estratégias de evitar uma tragédia humanitária, para que as pessoas não sejam esforçadas a recorrerem aos tumultos, delitos ou crimes contra o pacato cidadão para matarem à fome.

Às igrejas, às organizações da sociedade civil, os cidadãos em geral (figuras públicas, pessoas comuns) e outros parceiros do governo, devem nesta fase serem envolvidos e unir esforços junto do governo para ajudarem essa camada que irá sofrer com as consequências acusadas pelo coronavírus.

Caso ao contrário corremos o risco de teremos em Angola uma crise humanitária sem precedentes, que culminará com uma convulsão social.

Por: Pastor Noé Mateus

Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/mvaEBaZ0bSA

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