Viriato da Cruz um dos fundadores do MPLA, proibiu os seus familiares antes de sua morte, de receberem condolências de Agostinho Neto, Lúcio Lara, Mário Pinto de Andrade e José Eduardo dos Santos, por eles serem os culpados da sua morte

Últimas anotações de Viriato da Cruz

Algumas observações importantes para as quais chamo atenção e peço o respeito da minha mulher, dos meus descendentes e dos meus parentes:

... Considero compreensível e aceitável que, animados de piedade e de sinceridade autênticas, parentes e amigos meus possam vir a servir-se dos ritos dessa fé para evocar a minha memória...

Declaro, sem apelo, que os meus parentes deverão recusar, privada e publicamente, as condolências que, porventura, o MPLA ou alguns dos seus membros, tais como Agostinho Neto, Lúcio Barreto de Lara, Eduardo [Macedo] dos Santos, Mário Pinto de Andrade, Manuel Vieira e Gentil Viana, venham a enviar aos ditos parentes meus ou venham a publicar. Não está no meu poder perdoar os actos de felonia, de perseguição e de falta de camaragem que aqueles senhores e alguns dos seus sequazes praticaram, não só contra mim, mas também contra um certo número de angolanos. Parece-me ser altamente importante que tais actos sejam, em todos os tempos, condenados em Angola como criminosos e desenrosos.

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Não aceito junto do meu cadáver, até ao meu enterramento, a presença de representantes da burocracia chinesa ou dos movimentos, comités, associações ou organizações afro-asiáticas, pois acho mais digno que tanto os representantes daquela burocracia, como os das ditas hostes afro-asiáticas, dêem provas de coragem mantendo-me, até ao fim, no isolamento em que me vêm mantendo desde (há) anos.

Nunca pedi asilo político na China, nem tenciono pedi-lo jamais. Desde 1969 que venho pedindo em vão às autoridades chinesas autorização para sair deste país. Considero uma desgraça o facto de eu vir a falecer na China.

Não estou de acordo que a Marília¹ venha a ser educada na China. Neste país a educação que se dá aos indivíduos das classes dirigentes faz deles déspotas embuçado em fatos de ganga, papagueadores de uma linguagem "revolucionária"..., ostentadores de uma falsa virtude que se pretende praticada por questão de princípio. A educação destinada aos indivíduos das classes dos dirigentes faz deles escravos com todas limitações próprias do Oriente. A instrução parece-me sumária. Aliás, quem conhece, até hoje, um só africano que tivesse estudado na China e se tivesse ilustrado neste país ou algures?

A doença que me vem minando e certamente que me matará não a apanhei em nenhum bordel, nem me foi contaminada por nenhuma mulher.

NB: Marília Nunes da Cruz, filha biológica de Viriato, única descendente do seu casamento com Maria Eugénia Nunes da Cruz.

*"Agostinho Neto, O Perfil de Um Ditador" — Carlos Pacheco

Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/EWpRsEdoPxg

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