Jonas Savimbi, o falecido líder fundador da UNITA tinha um principio segundo a qual todos os seus representantes no exterior tinham de periodicamente ir ao interior, não só para consultas ou instruções mas para também poderem compreender de perto as vicissitudes das populações ou da guerrilha na qual eles tinha a missão de defender nas capitais onde estavam colocados.
Na década de 80, o falecido representante da UNITA em Nova Iorque, Marcos Samondo viajou para o interior de Angola levando consigo uma delegação de jornalistas para fazerem reportagens sobre frentes militares da guerrilha de Savimbi. Aos comandantes das frentes militares que receberam a delegação foi lhes comunicado que “chegaria o Dr Marcos Samondo com jornalistas”.
De acordo com fontes partidárias foi notado que aquela recepção não tocou muitos aos soldados no ponto de vista da hierarquia. Apesar se terem sido ensinados que o exercito era um instrumento de luta do poder politico, os soldados valorizavam mais quando lhes fosse fossem comunicados que “receberiam a visita do coronel X ou do comandante Y” do que “a doutor ou engenheiro Z”.
Terão sido episódios como estes que levaram Jonas Savimbi a passar a “militarizar” os seus quadros administrativos promovendo-os com patentes militares, para não ficaram desnivelados aos militares.
No início dos anos 80 quando um então membro da representação da UNITA nos EUA, Alfredo Kakunda regressou para a Jamba depois de ter concluído a sua formação em engenharia química nos Estados Unidos, o então SG Nzau Puna foi a sua casa levar lhe os galões de “capitão” explicando-lhe que deveria usar aquela patente mesmo sem ser militar das frentes porque estavam diante de uma luta político ou militar. O engenheiro tornou-se, diretor do gabinete de Savimbi, inspetor do exercito e desmobilizou-se como coronel das FALA, em 2002.
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Quando o conflito armado terminou em Angola, todos estes quadros civil que ao tempo do conflito armado combateram pelo lado da UNITA tiveram de ser reintegrados nas FAA, e desmobilizados e inseridos na Caixa Social das Forças Armadas.
Este processo de reintegração levou mais de 10 anos, por isso que em Outubro de 2013, o então PR, José Eduardo dos Santos (JES) na sua qualidade Comandante-Em-Chefe das Forças Armadas Angolanas assinou a Ordem do Comandante-Em-Chefe n.º 10/13 em que se lê “Enquadra formalmente nas Forças Armadas Angolanas e Licenciar do Serviço Militar Activo à Reforma os Militares das ex-Forças Militares da UNITA para a conclusão das tarefas previstas no Memorando de Entendimento do Lwena”.
Nesta - lista de 2013 - constam nomes “Júnior Kotingo Vandik Kavanak, António Fwaminy da Costa Fernandes, Moisés Kayombo Njolomba, Jorge Alicerces Valentim, Almerindo Jaka Jamba, André Pindi, Aurélio João Evangelista, Azevedo de Oliveira Kanganje, Carlos de Oliveira Fontoura, Carlos Jorge Veiga Morgado, David Daniel Sassoma de Kokelo, Eduardo André Isaías, Evaristo Eliote Kangureth, Felisberto Fernandes Silo Mártires, Hélder E. Boris Eldir Mundombe, Horácio Sicola, Georges Rebelo Pinto Chicoti, Marcelo Moisés Dachala, Pedro Hossi Kapitamolo, Salomão Katombela e Virgílio Kanjimbi Samakuva”.
Tony da Costa Fernandes e Georges Chicoty que largaram a UNITA em 1992, tiveram de ser reintegrados nesta processo, porque foi por este partido que eles lutaram ao tempo da guerra civil em Angola.
Surge esta reflexão para contextualizar e a ajudar o jornalista de investigação Carlos Alberto na confusão que tem feito questionado sobre quadros da UNTA que ele nunca os viu como militares mas que tem tiveram patentes militares.
Carlos Alberto questiona como Adalberto Jr desmobilizou-se como militar se nunca esteve em Angola durante o conflito armado. Em 92, depois de ser nomeado representante em Portugal, Adalberto Costa Júnior foi convocado por Savimbi para ir a Angola participar numa conferencia de quadros. Savimbi o levou a Benguela para fazer parte da audiência que o lider guerrilheiro teve com o Bispo dom Oscar Braga. Costa Júnior não só se casou no Huambo, em ambiente militar em 1993, como também o falecimento do rei Manuel Costa “Ekuike III”, em meados de 90, o apanhou no Bailundo, onde esteve durante três mês, no interior. Há imagens de então em que está em parada, nas exéquias fúnebres do monarca, ao lado do falecido general “Bock”. Quando a guerra terminou Adalberto Jr foi um dos primeiros representantes da UNITA no exterior que regressou a Angola e foi sujeito a desmobilização militar como determinavam os acordos de paz do Luena.
Por: José Gama
Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/avEw_qm9F_A
2 Comentários
Civil e quadros civis é a mesma coisa. E nenhum Civil deve ostentar patentes militares, isso é uma aberração prevista e punível nos termos da lei contra crimes militares!...
ResponderExcluirNão tentem defender o indefensável, por mera reação instintiva em jeito de salvaguardar a imagem e a "reputação" de quem todos sabemos que nunca foi militar, até porque os verdadeiros militares de carreira das ex-FALA, muitos estão vivos e, se não vieram ainda a terreiro defender ACJ, é porque não têm moral para defender uma imoralidade e um desrespeito aquém foi militar de verdade.
Não sabemos porquê cargas de água, outro Civil do Club-K sai em defesa de um Civil patenteado!!!
Muitos militares e generais de carreira das ex-FALA que deviam e se beneficiar do ônus de terem servido às FALA, sente-se insultados com essa ilegalidade e desrespeito à eles é à memória de todos que morreram lutando nas matas de Angola.
Os generais de carreira como José Abílio Kamalata Numa, Demóstenes Chilingutila, Geraldo Sachipengo Nunda, Geraldo Abreu (Kamorteiro), Paulo Lukamga (Gato) e outros tantos, sabem bem quem foram os militares e civis da UNITA.
Os que foram para missão diplomática no estrangeiro, poucos chegaram a ser militares, Isaías N'gola Samakuva chegou à Brigadeiro e por isso representou a UNITA na Antiga Comissão Conjunta Político-Militar e Abel Epalanga Chivukuvuku que foi quadro dos Serviços de Inteligência Militar das ex-FALA e teve outras funções castrense dentro da UNITA, apesar de ser também um grande diplomata. O resto terão de fazer prova disso, e que haja honestidade e transparência por parte estrutura militar da UNITA.
Daqui à pouco vão dizer que toda população civil que andou nas matas com à UNITA, também são militares porque andvam com os militares das FALA(Filhos esposas, concubinas etc) E também deviam já justificar que Raúl Danda é quadro Civil patenteado, a semelhança de Adalberto da Costa Júnior!!!!
Portanto, civis fardados não são e nunca foram militares, por favor, respeitem os militares de carreira, não queiram faltar respeito aos militares de verdade, só porque à guerra já acabou!!!!
Nessa lista que apresenta ate, dos elementos que foram integrados nas FAA em 2013, nem sequer constam os nomes de Adalberto da Costa Júnior e muito menos o de Raúl Danda! Pelos cargos e posição que ostentam na UNITA, se fossem militares de verdade já teriam sido incluídos, ou se já os incluíram, então a UNITA faz à mesma batota de que vêem acusando o MPLA, por isso não serve para substituir o MPLA no poder, porque é igual ou pior que ele!!!
Por: Carlos Joaquim
Que haja mais honestidade e transparência na UNITA quanto à quem foi ou não militar.
ResponderExcluirCarlos Joaquim