*EDUARDO DOS SANTOS (O FUTEBOLISTA EMPRESTADO À POLÍTICA) FEZ BEM DE SE AUTO – EXILAR EM BARCELONA*

Um dos fenómenos mais marcantes da história angolana foi de Eduardo dos Santos ter confiado todo o poder de bandeja à João Lourenço, incluindo o Partido e o País no seu todo, mas, Lourenço soube dar – lhe em troca a ingratidão, tão cedo. Não esperava auto – exilar – se por vontade do seu próximo, aquele à quem resguardou, amparou, e facultou o poder que todos queriam tê – lo às mãos. Mas, não vos enganeis: é mais seguro Eduardo dos Santos continuar na Espanha que voltar à Angola, neste momento.

Em Angola pode ser um suicídio no âmbito de ser vítima de variadas formas de ameaças políticas do seu confrade de trincheiras no Kremlin, como de notificações judiciárias, humilhações, etc. O passado ainda é uma memória viva, e, ninguém se esqueça pelo seguinte, se Eduardo dos Santos morrer na Espanha não será por culpa própria, antes pelo contrário, será por culpa do regime dirigido por João Lourenço.

Afloramos no passado, o facto de ter havido a pretensão do vice-Procurador Geral da República, Mota Liz, ir à residência de José Eduardo dos Santos, para o avisar que eles, PGR, iriam determinar a prisão do filho, José Filomeno dos Santos, ex-presidente do Fundo Soberano.

Para a prossecução desta barroca engenharia pretendia a companhia de Leopoldino do Nascimento e Carlos Feijó, mas estes declinaram o convite uma vez que, na altura, a notícia já corria nas redes sociais.

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Na tradição africana, ainda que seja um monstro, nenhum pai, que já tenha exercido altas funções no Estado, como é o caso de José Eduardo dos Santos, estaria preparado ou aceitaria com a frivolidade ocidental, tal informação, no escopo da boa-fé ou do politicamente correcto, mais a mais não vinda de um ancião, mas de um menino, pese as relevantes funções que exerce.

E neste patamar, Dos Santos, na lógica de haver uma clara tentativa de humilhação, por parte da PGR, e, quiçá, do presidente do MPLA e da República, uma vez que já corria nas redes sociais, a notícia da prisão do filho, mostrou-se indisponível para receber o Vice-Procurador-Geral da República.

Neste diapasão, na opinião de próximos de José Eduardo dos Santos, tudo apontava, alegavam, existir um projecto que iria de humilhação em humilhação, até a humilhação final, pois, mal estava refeito do primeiro embalo (prisão do filho) e “recebe a notícia de violação domiciliar da FESA, por parte de agentes policiais, ao serviço da DNIAP, fortemente armados, como se o local fosse um covil de bandidos, para prender o presidente da Fundação, Ismael Diogo, sem que da diligência tivesse sido notificado, como determina a lei”.

“Eles entraram fortemente armados, com as armas em riste, quando chegaram no andar do dr. Ismael, colocaram a secretária, determinando que ela dissesse onde estava o chefe, mandaram-lhe abrir a porta”, conta um entrevistado, acrescentando, terem-no encontrado a “despachar e foi apanhado de surpresa, pois estava a despachar e, na hora, apontaram-lhe a arma à cabeça, mandando-o assinar o mandado de captura, para depois lhe aplicarem as algemas e saírem com ele, em risos e chacota, como se ele fosse um delinquente altamente perigoso e a FESA um local de bandidos”.

Na sua opinião “se esta prisão foi determinada pelo Procurador-Geral da República, general Pita Gróz, como forma de prender homens que consideram próximos do camarada José Eduardo dos Santos, então, é porque existe aval do Presidente João Lourenço, nesta cruzada de luta contra a corrupção, que tudo vale, mesmo atentar contra direitos fundamentais da pessoa humana”.

Ismael Diogo, segundo a Procuradoria-Geral da República foi notificado por três vezes e não compareceu, logo, no quadro da lei deve ser levado por coacção, mas esta não significa prisão, mas condução para prestar declarações, sendo-lhe aplicada, no final, alguma medida ou não de restrição de movimentos.

“Uma questão, se o ex-presidente da República tem imunidades, durante cinco anos, como podem neste período invadir as suas residências e escritórios, como fez o DNIAP, na FESA, fundação do Eng.º Eduardo dos Santos, sem notificação ao patrono, sobre este trungungu policial, como se fosse num filme de terror”.

Em Lourenço não interessou a salvaguarda da imagem daquele que deu – lhe o poder à gangosa. Aliás, Dos Santos, sentiu quase que um terramoto sócio – político a rebentar em toda sua vida. Foi atacada a sua imagem, tomada por refém para entregá – la às ruas da altivez, e, repudiá – la de forma enérgica como se fosse o culpado da corrupção de ontem, de hoje, e até do amanhã, um verdadeiro jogo político. Enquanto transformam a imagem de Eduardo dos Santos como alvo de todos os crimes, os corruptos do hoje, continuam a fazer do País, lugar para roubar e enriquecer – se de maneira ilícita. Não foram respeitados os limites materiais dos direitos do homem, nem sequer, as garantias dos direitos de liberdades fundamentais, onde se pode consagrar o direito à dignidade da pessoa do homem, como sendo inviolável e precioso.

João Lourenço, soube jogar a carta certa, fazer do homem mais importante de África (no passado), uma figura cúmplice do passado, do presente e do futuro, para tirar vantagens de seu próprio interesse e salvar a sua pele, no âmbito da salvaguarda de interesses que visam manifestar um verdadeiro jogo político e ganhar apoio popular, só que, o plano caiu por terra, e, a máscara pendurada no rosto de Lourenço acabou destapada, antes do esperado. A destruição da imagem de Eduardo dos Santos, bem como, a caça – as – bruxas à sua clã, foi notoriamente, dos actos mais bárbaros de que a memória há. Desarticularam – se todos os bons feitos que Eduardo dos Santos tenha deixado na memória do País para consagrá – lo como “Pai da Nação Angolana, Arquitecto da Paz, Nacionalista, Patriota, Pai da Reconstrução Nacional e da Reconciliação Nacional”. Pôs – se à desaparecer tudo quanto tenha erguido com sacrifício incomensurável. Nem o seu nome na Universaidade do Huambo que tenha pintado com a cor do seu sacrifício inegável (Universidade José Eduardo dos Santos) quis sobreviver ao delírio da perseguição do seu sucessor. Dos Santos, foi expulso do dinheiro que ele mesmo no passado inaugurou, sem colocar nunca de longe a imagem do “Fundador da Nação Angolana”, ou simplesmente “O Poeta Maior”. A seu tempo, Dos Santos, salvaguardou à todos até os que o ofenderam de maneira assimétrica, não se vingou, preservou a imagem de Neto há mais de 30 anos. Sepultou os demónios do 27 de Maio e engoliu a pena capital consagrada por António Agostinho Neto na primeira Lei Constitucional. Dos Santos, deixa para memória do País, aquilo que, nem dentro de 100 anos, alguém conseguirá realizar, por mais que o venham acusar, ninguém fará mais que Eduardo dos Santos. Dos Santos é um ícone inegável, as suas marcas estão aqui, intactas, de pedra e cal, inamovível e sem ferrugem.

Supremamente ridículo, tem sido a posição de muitos analistas do regime, que mudam de caminho, como se mudam as camisas no corpo. No passado tinham se consagrado a defender a imagem de Dos Santos, e hoje por tostões e pela mudança do capitão do navio, dedicam – se a exaltar mentiras, atribuindo o auto – exílio de Eduardo dos Santos como culpa de sua própria posse.

Esqueceram – se que, não chegou a hora de Eduardo dos Santos retomar os seus acentos na FESA, se o fizer agora, tão logo a alcateia de lobos da DNIAP não tardará em bater – lhe as portas para notificá – lo à depor diante de um tribunal, coisa que pode lhe fazer mais mal ao coração que os próprios conflitos armados que suportou durante décadas, enquanto líder da nação que o desprezou. Desde logo, Eduardo dos Santos deve ainda permanecer em Barcelona até que o clima político o permita retornar à Luanda, até que a ira do seu rival seja sepultada na terra do exílio e do esquecimento, até que a reconciliação no seio do regime deponha todas as armas contrárias, até que haja uma reconciliação feita no verdadeiro sentido da coisa, onde Isabel dos Santos deixa de possuir o alvo de preferência dos atiradores da justiça angolana, e, não na falsidade. Até que o MPLA faça o
renascimento do homem no homem por um Partido cheio de solidariedade e fraternidade entre os camaradas… até lá, a vinda de Eduardo dos Santos poderá ser um facto, longe disso, tal processo pode se converter num desastre mortal, que pode empurrá – lo tão cedo para a terra dos que foram e jamais voltaram.

Bem – haja

Por: Doctor João Hungulo

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