Igreja Católica diz que combate à corrupção está sendo seletivo e está parecendo mais como uma vingança e caça às bruxas

O presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) considerou hoje que o combate à corrupção e repatriamento de capitais ilícitos parecem resultar de "desejos de justiça e impulso de vingança que se parecem confusos".

Na abertura da primeira Assembleia Plenária anual da CEAST, Filomeno Vieira Dias comentou o “necessário combate à corrupção e repatriamento de capitais ilicitamente levados para fora do país”, considerando que o Estado angolano tem desenvolvido “esforços” para recuperar o dinheiro no exterior, mas com “caminhos percorridos que têm suscitado vários comentários e interpretações".

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É “um facto indiscutível que vivemos numa sociedade na qual hoje os desejos de justiça e impulso de vingança parecem confusos", afirmou o arcebispo angolano.

O combate à corrupção, à impunidade e ao nepotismo são os eixos anunciados da governação do Presidente angolano, João Lourenço, no poder há dois anos, um processo que tem "sido criticado" por alguns círculos políticos e sociais como estando a decorrer de "forma seletiva", visando apenas os elementos mais próximos do seu antecessor, José Eduardo dos Santos.

Segundo o presidente da CEAST, "o conflito" de vozes divergentes sobre o combate à corrupção em Angola "é possível ser superado".

Citando o papa João Paulo II, o também arcebispo de Luanda referiu que o "caminho que leva à restauração completa da ordem social e moral é a justiça e o perdão".

"A ordem violada deve ser reestabelecida com a conjugação da justiça e o perdão. Precisamos de perdão, mas o perdão não se opõe à justiça", afirmou, aludindo ao papa João Paulo II como "trabalhador incansável pela paz".

O prelado católico angolano exortou igualmente os líderes políticos, empresariais e de organizações da sociedade civil para "compreenderem a necessidade de se superar a crise", que o país atravessa, "para o bem do nosso país, do nosso povo".

"Por mais divergências que possa haver, que são normais, numa sociedade, Angola não pode esperar, todos nós temos que fazer o nosso melhor para derrubar as barreiras que nos separam e construir as pontes que nos permitem encontrar e construir um pacto social que nos levará ao futuro com mais justiça e dignidade", notou.

Filomeno Vieira Dias, mostrou-se também preocupado com os casos de abandono de mulheres, "que faz crescer o número de famílias monoparentais".

O aumento do "desemprego e austeridade exigida" trouxeram sofrimento para muitas famílias, acrescentou ainda o arcebispo, considerando que a crise económica está a criar novos constrangimentos sociais.

"Por vezes fizeram perder a esperança, homens e mulheres que tiram o pão da boca para o filho estudar", disse, defendendo o "alargamento da partilha para com o próximo".

Apenas “uma comunidade solidária deverá enfrentar esses meses difíceis", rematou.

A primeira Assembleia Plenária Anual dos bispos católicos angolanos, que se iniciou hoje, decorre até a próxima segunda-feira, 09 de março, no santuário da Muxima, maior centro mariano da África subsaariana, no município da Quiçama, em Luanda.

Saiba mais sobre este assunto, clicando neste link https://youtu.be/RiarpK2gG1Q

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