A seca e a fome que grassam o Sul de Angola exige que o Presidente declare estado de emergência, defendeu o deputado da UNITA, Nelito Ekuikui, no programa Angola Fala Só, nesta sexta-feira, 2 de Agosto.
“No Cunene, Kuando Kubango e Huíla, as pessoas morrem por não terem água, um quilo de fuba, uma posta de peixe, um paracetamol, por isso, o Presidente da República deve declarar o estado de emergência”, reiterou o parlamentar que criticou o facto de João Lourenço estar preferir o betão.
Na conversa com ouvintes e internautas, Ekuikui criticou o projecto de construção do Bairro dos Ministérios e o ginásio na Assembleia Nacional, “que não são projectos necessários nem prioritários, quando os angolanos estão a morrer de fome”.
“Não se pode aceitar que as pessoas estejam a morrer de fome no século 21, enquanto o Presidente está preocupado com infraestruturas”, afirmou o deputado da oposição, critando o facto de a Assembleia Nacional não poder fazer o trabalho de fiscalização do Executivo porque tudo está concentrado na Presidência.
Para o convidado da VOA, o Parlamento tem de passar a fiscalizar o Governo, caso contrário o Presidente continuará a fazer o que quer, preferindo “o betão a programas que tirem os angolanos da miséria”.
“As prioridades estão invertidas, em vez do betão o Governo devia investir na agricultura familiar e nas áreas sociais”, reforçou, lembrando que o Orçamento de Estado tem verba para combater a pobreza, “que é a gerida apenas pelo Presidente a seu bel-prazer”.
Quanto à corrupção, Nelito Ekuikui classificou a luta contra o fenómeno anunciada por Lourenço “como uma bandeira para resgatar a imagem do país junto da comunidade internacional e do MPLA a nível interno”, mas que, segundo ele, não passa de bandeira, ao ponto de “as figuras da corrupção do MPLA estarem todas soltas”.
Para ele, se o Presidente estivesse interessado em lutar contra a corrupção ele deveria avançar com medidas de prevenção da corrupção e não de combate à corrupção.
“O MPLA é o grande beneficiário da corrupção”, acusou Nelito Ekuikui, para quem o “MPLA destruiu Angola e com a corrupção se erigiu na grande máquina que é hoje”.
Questionado por internautas por que os deputados não recusam os carros e outras mordomias que têm para que esse dinheiro seja usado para o combate à pobreza, Ekuikui repondeu que é uma “falsa questão”.
“Os tais Lexus, que tanta polémica têm criado, são baratos e não resolvem a necessidade do deputado visitar o seu círculo eleitoral porque só se movimentam em Luanda, ao ponto de que quando vou ao interior, devido às estradas, vou de boleia ou no carro que o partido me disponibilizar”, afirmou o parlamentar que disse ser “mentira que os deputados tenham recebido relógios personalizados, ninguém recebeu”.
Ante a pergunta de um internauta, Nelito Ekuikui afirmou que nem lhe passa pela cabeça ser candidato à liderança da UNITA, embora defenda que o partido tenha muitos quadros, considerando, no entanto, que o militante do núcleo “é o mais importante”.
Ele quis desvalorizar o valor que se tem dado à luta pela liderança do partido no congresso de Novembro e lembrou que o presidente da UNITA vai ter de respeitar os estatutos e as decisões da direcção do partido , por isso, “as decisões estratégicas para o futuro são mais importantes do que a eleição do presidente”.
Também frente a perguntas dos internautas, o deputado defendeu que, a nível pessoal, “o presidente do partido deve ser o cabeça-de-lista do partido às eleições presidenciais”, enquanto há outros que sugerem a alteração dos estatutos para permitir que outra pessoa, que não o líder, seja o candidato.
“É o presidente que dirige o partido por quatro anos, que conhece a organização e os trabalhos por dentro, e portanto é aquele que melhor está preparado para representar o partido”, resumiu Ekuikui.
O militante da UNITA afirmou, no entanto, que o debate está em aberto e que o Congresso é que irá tomar as melhores decisões.
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Auto biografia do nelito ekuikui.
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