A Polícia de Guarda Fronteira na região das Lundas é acusada de deter e torturar um cidadão trabalhador de carro de mão.
Nelito Francisco, 51 anos, contou que para garantir a sobrevivência dos filhos, já que a sua esposa é falecida, dedica-se a recolha e venda de areia sempre que é solicitado pela comunidade do Cuango, e tem feito o seu trabalho com o suporte de conhecido “carro de mãos”.
Natural do município de Caungula, província da Lunda-Norte, o cidadão disse que tendo em conta as dificuldades para manter o sustento da família devido à falta de emprego, no dia 4 deste mês, foi, como é o seu costume, numa das matas com o mesmo propósito – recolher areia para vender na aldeia, cujo valor ronda entre 150 a 200 kwanzas por cada “carro de mãos”.
Para o seu espanto, afirmou, foi surpreendido por agentes da Polícia de Guarda Fronteiras acompanhados de um funcionário da ENANA, que o teriam prendido e interrogado com ameaças de morte pelo facto de estar a recolher área numa das matas: “Eu respondi que faço este trabalho para conseguir sobreviver com meus filhos, pois não tenho emprego, sou viúvo e com esta areia que tenho vendido para dar de comer as crianças”, disse, tendo revelado que “também fui da antiga Polícia Militar”.
“Foi então que começaram a bater com chicotes e torturam-me de todas as formas, dizendo que eu tinha mesmo que apanhar porque foram os antigos Polícias Militares que andavam lhes bater e os colocá-los na prisão”, contou Nelito Francisco.
A população denuncia que, na região do Cuango, onde as forças do governo angolano estão presentes na “operação transparência”, estão a cometer muitas arruaças contra os populares camponeses que encontram no campo a única fonte de sobrevivência.
O Decreto sabe de fontes seguras que, os agentes da Polícia Nacional (PN), das Forças Armadas Angolanas (FAA) e da Polícia de Guarda Fronteiras (PGF), envolvidos nas “operações” que visam travar a exploração e imigração ilegal na província da Lunda-Norte, fundamentalmente nas zonas diamantíferas têm cometido excessos contra pacatos cidadãos indefesos, sob o olhar silencioso das Administrações Municipais e do Governo Provincial.
De acordo com os populares, a região das Lundas está transformada numa “hostilidade”, devido às “atrocidades destes agentes que têm torturado e assassinado civis em várias zonas da Lunda-Norte”, disse o pai de um dos jovens morto a tiro em Junho último por efectivos da Polícia de Guarda Fronteiras, depois de ser confundido com um garimpeiro.
A população lamenta que continua a viver num clima de “terror” como na época da governação de José Eduardo dos Santos, porquanto, prevalece a onda de assassinatos de cidadãos garimpeiros e camponeses por parte dos agentes da ordem, e pelos seguranças das empresas privadas que protegem as minas de diamantes dos generais e altas patentes da corporação.
“Estamos a pedir ao Presidente da Republica João Lourenço para acabar com essas práticas indecorosas porque a população não pode ser submetida a qualquer tratamento desumano e degradante”, clamou Amélia Txiazi, 47 anos.
“Já se passaram quase dois anos desde que o actual Presidente foi eleito e esses casos do tempo de José Eduardo dos Santos transitaram nesta nova administração de João Lourenço”, disse ao Decreto um dos activistas e defensor dos direitos humanos na Lunda-Norte, para quem “condenamos essa atitude das forças do Governo Angolano e estamos a clamar ao Titular do Poder Executivo pôr fim a este mal”, referiu.
Na região das Lundas, maior parte da população sempre sobreviveu de garimpo de diamantes e com a “operação transparência”, os populares que não têm emprego, procuram a todo o custo por uma forma de conseguir o sustento com a prática de agricultura, por isso, não percebem as motivações das autoridades que os proíbe ir às lavras a procura de pão de cada dia.
Fonte: O Decreto
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