Não há palavra tão alta quanto ao grau de negligência que se apoderá nesta nação angolana, ao ponto de haver gente vestida de orgulho e de fervor pela trágica situação que vivem os hospitais do País, ao ponto de dizer que não há falta de medicamentos nos hospitais, e que a saúde anda bem no País: é uma negligência assaz. É imoral e obsceno dizer que há medicamentos num lugar em que os doentes faltam de quase tudo para serem assistidos, aliás, a saúde em Angola, vale lembrar um filme de terror à ser filmado ao olhar do mundo todo.
Dizer que não haja escassez de remédios nos hospitais de Angola, é uma obscenidade descomunal. É desumano afirmar tal questão, os Hospitais do País sofrem de uma elevada falta de todos os recursos partindo pelos humanos e terminando nos recursos físicos, há escassez ao excesso de recursos gastáveis e não gastáveis nos hospitais do País. Quando alguém afirma haver medicamentos nos hospitais, é de facto, uma negligência abismal da crise sanitária que se vive no País.
Ora, enquanto os hospitais continuarem a ser alvo de um olhar negligente, e de afirmações despidas de verdades, afirmações que vendem a mentira em nome da verdade, os doentes continuarão a ser tratados feitos objectos descartáveis, os doentes continuarão a morrer feito moscas, vive – se um drama, talvez dos teatros de Shakespeare ou dos filmes de terror, em que os doentes clamam por uma assistência sanitária que está longe de ser possível, os hospitais sofrem a vertiginosa falta de tudo, e não é verdade que haja quem insista haver recursos medicamentosos no âmago dos hospitais, essa é daquelas mentiras, que até crianças despidas de juízo sabem desmascarar. Há falta de medicamentos e de recursos hospitalares gastáveis e não gastáveis nos hospitais. Só a verdade é capaz de impor uma mudança no sector sanitário do País à sul do Saará.
Reafirmo o que disse, há falta de todos os recursos ao nível dos hospitais do País, o que se consubstancia na trágica assistência prestada pelos profissionais desta natureza. É claro, que a gravidade da situação da saúde em Angola, não reside somente no facto de haver falta de medicamentos ou de outros recursos, mas também, na frustração persistente e oculta dos profissionais que a esse nível descarregam toda raiva em cima do corpo dos doentes. Ficam os doente à deriva, a Deus dará, enquanto isso, a saúde segue um rumo tão desumanizante, que sabe Deus que, até o inferno há algo de humanismo a que envergonha a saúde exercitada no plano angolano. Hospitais enfurecidos por profissionais arrogantes, negligentes, trombudos e petulantes, que menosprezam a vida do enfermo que nem trapos (...), lançam o destino dos doentes à sorte dos soldados que pregaram Cristo na cruz, como o fez o ladrão que terá acusado Cristo de ser um dos pecadores, é um filme de terror que se assiste nos Hospitais angolanos, e quando alguém, sai ao público afirmando haver medicamentos nos hospitais angolanos, é símbolo de desumanidades do tamanho de uma montanha, é símbolo de negligência assaz a realidade que se vive no País, a falta de amor ao próximo está a devastar mais a sociedade angolana que a SIDA e a malária, ao ponto de se negligenciar a caótica situação vivida nos hospitais do País, onde morrer passou a ser o prato de cada dia, enquanto isso, há quem sabe dizer que os hospitais estão bem, e correm em rios de saúde, os Hospitais hoje, estão mais doentes que os próprios doentes, com carência de tudo, desde os recursos humanos, recursos materiais, recursos físicos e recursos financeiros. Para os profissionais de saúde somente os restou a vaidade imposta no palco do hospital, senão, há muito tal lugar tornou – se inóspito e incapaz de acudir ao mar de preocupações exaltadas pelos enfermos.
Não há ninguém neste País que saiba pôr um travão nisto.
Nos hospitais actuais, os doentes deixaram de ter os seus direitos plenos, porque perante a caótica crise sanitária que se vive, falta – lhes o direito à vida, o se negar medicamentos à estes, ao se negar exames à estes, aliás, não há hospital algum sem problemas de dimensão excessiva, os hospitais sofrem mais de problemas que outra coisa. É preciso estar concorde com tal realidade imposta pelo actual contexto de coisas, queiramos ou não, esta é a realidade actual, ninguém deve negar isso, e passar um apagador por cima desses problemas do tamanho de oceano que enfermam os hospitais em Angola.
A deturpação do papel tradicional do profissional de saúde, que nos é imposta e a qual nos acomodamos: examina – se mal e a lume de palha; não se ouve o paciente, negando – lhe o consolo da palavra carinhosa; é a alternativa o consentimento informado, a crua, e inumada descrição do mal que aflige e até, previsão sinistra, o que lhe resta de vida. A falta de atenção transparente, também, na pressa e no enfado dos profissionais de saúde, e o desvalido enfermo, revestido somente do pano inconsútil de sua frustração, e sem poder desenrolar os para ele magnos queixumes, sai dos hospitais vergado aos inumeráveis ressoos do linguajar, em geral inerentes aos cuidados despidos de humanização que lhe foi forçado a receber.
Os profissionais de saúde não se devem atulhar de ter o coração amortecido de amor no contacto com o sofrimento, e ao se tornarem cada dia mais sensíveis, desmentirem o epíteto de Hipócrates.
É possível e adequado para a humanização se constituir, sobretudo, na presença solidária do profissional, reflectida na compreensão e no olhar sensível, aquele olhar de cuidado que desperta no ser humano sentimento de confiança e solidariedade.
Eis a minha esperança: que os governantes angolanos se imponham pela sua seriedade, respeito pelo à vida que é consubstanciado na Carta Magna angolana, através da melhoria dos serviços sanitários angolanos, e não na negligência vivida pelos políticos de hoje, que assumem uma mentira e a transformam em verdade, ignoram a realidade e a transformam em paisagem, pela venda de inverdades em nome do azar que mutila a vida de variados doentes que acorrem aos hospitais do País, que se tenha a coragem suficiente de assumir – se as circusntâncias que se verificam nos hospitais onde faltam: medicamentos,profissionais capacitados, serviços humanizados, recursos materiais, etc, etc… e não divagar pelo mundo fora, de que os hospitais vivem os seus melhores dias de sempre, tal facto, está muito longe de ser verdade, porque até seringas e agulhas faltam nos hospitais angolanos, (…). Pois se tal suceder poder – se – á acreditar numa mudança para o melhor no âmbito da gravidade da saúde que se assiste em Angola, longe disso, é a dramática situação que asfixiará de forma progressiva o futuro sanitário deste País que já mergulhou há muito no abismo.
Bem-haja!
Por: JOÃO HENRIQUES HUNGULO, MÉDICO, JURISTA, ESCRITOR, PESQUISADOR & MESTRE EM FILOSOFIA POLÍTICA.
0 Comentários