A criação do Bairro dos Ministérios divide inclusive a oposição. A UNITA e a CASA-CE entendem ser inoportuno, ao contrário do porta-voz da FNLA.
Que a construção do Bairro dos Ministério é vantajosa para o Executivo e o País em geral é importante sobretudo para reduzir custos, todos estão de acordo, mas o mesmo não acontece em relação ao momento em que será erguido, face aos vários problemas de que o País enferma, independentemente de resultar das PPPs.
Há quem entenda mesmo que o necessário e urgente neste momento é que se priorizasse a base, nomeadamente o ensino e educação. É o caso do antigo vicepresidente da UNITA, Ernesto Mulato, que se diz “patriota” e, como tal, e estando o País há mais de 40 anos, passando por uma guerra civil e há 17 anos de paz, sem mencionar a crise que o País enfrenta desde finais de 2014, “as pessoas mereciam mais consideração”
Ernesto Mulato passa em revista os últimos anos de crise que assolam o País e não encontra motivo nem vantagem para o País a aposta no Bairro dos Ministérios. “Com estas dificuldades todas que temos neste momento como falta de medicamento nos hospitais, várias crianças fora do sistema de ensino, penso que é inoportuno a construção deste projecto”, afirma Ernesto Mulato, para quem “temos que ter contenção em termos de prioridades, pois numa outra ocasião, a longo prazo, o projecto era bem-vindo.
Para o agora deputado à Assembleia Nacional, nem sequer colhe a justifica de que o dinheiro para esta empreitada “sairá do dos privado e não do Estado”, pois, tal como se concebeu este projecto, poderia fazer o em relação à construção de hospitais, numa primeira fase, para acudir os angolanos que têm recorrido aos centros hospitalares no País ou no estrangeiro.
A outra preocupação deste deputado tem a ver com a dimensão do projecto, que considera ser “megalómano”. “Quantos projectos feitos sem derem qualquer resultado?”, questiona, defendendo que o Executivo comece a penar em pequenos projectos, que muitas vezes incidem mais directamente na vida das populações.
O deputado da CASA-CE Manuel Fernando junta-se ao coro dos contestatários do Bairro dos ministérios , para quem é “inoportuno” face ao estado social do País. Pessimista, este dirigente da CASA-CE conclui que “no fundo, o MPLA fala de corrigir o que está mal mas estamos na continuidade do mal”. Manuel Fernandes, para quem a Praia do Bispo deveria ser usada exclusivamente para turismo, alerta para que o Estado faça melhor leitura do estado social, pois “o crescimento de um país não se vê apenas nas infraestruturas, mas pelo nível de vida das populações”. “Com o país em crise, alarga-se a base tributária, aumenta-se a taxa da energia eléctrica mas em vez se cria programa para melhorar a vida das pessoas, estáse a pensar no conforto do Executivo”, observa.
Este político defende ainda que este projecto deveria ser discutido. Apesar de ser resultante das PPPs, advoga que fosse para intervir na educação e saúde, mostrando-se preocupado com os problemas de hipertensão arterial que graçam pelo País nos últimos tempos e relatados pelas autoridades.
Já o porta-voz da FNLA, Gerónimo Macana, apoia a iniciativa do Executivo que, segundo entende, vem salvaguardar os vários gastos feitos com a renda resultante da utilização dos actuais edifícios. Além disso, Macana diz-se satisfeito com a imagem dos edifícios, bem como com a concentração dos mesmos no mesmo espaço.
“Temos que ter uma mentalidade evoluída, não podemos ter uns ministérios no Cazenga e outro em Talatona, de formas a salvaguardar a vida dos utentes dos ministérios”, observa o portavoz da FNLA, que se diz ainda satisfeito com a modalidade das PPPs acordada pelas partes, mas alerta para que não haja sobrefacturação dos preços.
Fonte: Jornal Vanguarda
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