O Governo daquele reino africano que tem 20 milhões de pobres e que se chama Angola vai doar 10 milhões de dólares para o Fundo Fiduciário de Solidariedade Africana, que se juntam aos dois milhões de dólares da Guiné Equatorial para reforçar a segurança… alimentar e combater a… pobreza.
Estas doações somam-se aos 2,6 milhões de dólares (2,3 milhões de euros) disponibilizados pela China e aos dois milhões de euros da França, totalizando 17 milhões de dólares (cerca de 15 milhões de euros), que serão usados para recapitalizar a capacidade financeira deste Fundo, gerido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
“Estas doações mostram o sucesso do Fundo (ASTF). Os excelentes resultados nos últimos cinco anos são a prova viva disso e a generosidade dos doadores é um exemplo único da forte solidariedade que existe entre os países africanos”, disse Maria Helena Semedo, vice-directora-geral da FAO, no final de uma reunião que decorreu no âmbito dos Encontros Anuais do Banco Africano de Desenvolvimento, que decorrem até sexta-feira em Malabo, capital da Guiné Equatorial.
Este fundo fiduciário, que já financiou 41 projectos em 18 países, é liderado por países africanos, destina-se a “apoiar iniciativas locais de desenvolvimento e tem como principal objectivo o fortalecimento da segurança alimentar em todo o continente, ajudando os países e as suas organizações regionais a erradicar a fome e a desnutrição, eliminar a pobreza rural” e administrar “os recursos naturais de maneira sustentável”, segundo a FAO.
Nós por cá… sabe Deus (que não é João Lourenço)!
O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, diz que o mundo não está a ganhar a guerra contra a fome a nível global e relativizou os dados que mostram que há menos pessoas na pobreza. África conhece bem esta realidade. Angola também.
O mais recente relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) indica que, em Angola, 23,9% da população passa fome. No relatório de 2018, a FAO refere que cerca de 821 milhões de pessoas no mundo passam fome, o que se traduz num aumento quando comparado com os dados de há dez anos. Em Angola, segundo a FAO, “23,9% da população passa fome”, o que equivale a que “6,9 milhões de angolanos não tenham acesso mínimo a alimentos”.
“Não nos podemos deixar levar; não estamos a ganhar a luta contra a fome global”, disse Akinwumi Adesina durante a sua intervenção numa conferência sobre agricultura na Universidade Purdue, em Indianapolis.
As declarações de Akinwumi Adesina surgem poucos dias depois da divulgação de dados sobre a descida do número de pessoas que vivem com menos de 2 dólares por dia, mas o presidente do BAD vincou que os números das Nações Unidas, que mostra uma subida das pessoas com fome, de 777 milhões em 2015 para mais de 820 milhões no ano passado.
Perante uma plateia de investigadores, líderes empresariais, decisores políticos e doadores, o banqueiro defendeu mais ajuda desta comunidade e lembrou o compromisso de investir 24 mil milhões de dólares na agricultura africana nos próximos 10 anos, o maior esforço de sempre.
A situação na África subsariana, apontou, precisa de “intervenção particularmente urgente devido às mudanças climatéricas”, disse Akinwumi Adesina, segundo um comunicado do banco, que dá conta de um aumento de 38 milhões de pessoas com fome em África em 2050 só devido a estas alterações.
Cerca de 821 milhões de pessoas no mundo passam fome, revelou a ONU, traduzindo um aumento para níveis de há dez anos que se sente mais na América do Sul e na maior parte de África, disse a FAO no relatório sobre o estado da segurança alimentar e nutrição de 2018, em que se confirma a tendência para o aumento da fome no mundo pelo terceiro ano consecutivo, passando de 804 milhões em 2016 para 821 milhões em 2017.
Angola, Moçambique e Guiné-Bissau estão entre os países africanos onde os choques climáticos – mas não só – foram uma das causas de crises alimentares em 2017, segundo a avaliação global sobre segurança alimentar e nutricional (SOFI 2018), elaborada por cinco agências da ONU, incluindo a Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
A avaliação é pessimista, realçando que os objectivos de erradicação da fome em 2030 estão em risco, face ao crescimento da situação de fome, que atingiu 821 milhões de pessoas em 2017, ou seja, um em cada nove habitantes do mundo.
Importar comida e exportar milionários
As importações angolanas de alimentos ascenderam em 2017 ao equivalente a mais de 7,5 milhões de euros por dia, pressionando as Reservas Internacionais Líquidas (RIL) do país.
De acordo com dados tornados públicos pelo governador do Banco Nacional de Angola (BNA), só no primeiro trimestre de 2018, o país importou 560 milhões de dólares (480 milhões de euros) em alimentos.
“Apesar de representar uma queda de 30% comparativamente ao mesmo período de 2017, se guiados pela procura, que se mantém alta, no fina
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