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João Lourenço é mais um José Eduardo dos Santos mais com discurso diferente


Por: Carlos Alberto (Cidadão e Jornalista)
Foi muito interessante ver um debate que aconteceu algures em Luanda entre Adalberto Costa Junior (presidente do grupo parlamentar da UNITA) e Archer Mangueira (ministro das Finanças). A parte que mais retive no debate é que dá título a esta minha reflexão. Na verdade, é já uma pergunta que já fiz noutras reflexões. E não podia ser levantada por Archer Mangueira (ainda não evoluímos ao ponto de termos um subordinado de um presidente da República a não concordar com o seu chefe). É claro que a pergunta-foco desta reflexão só podia vir de um dos políticos mais sérios (senão o mais sério) que o nosso país tem: engenheiro Adalberto Costa Júnior. João Lourenço - e indo um pouco em defesa do que Archer Mangueira diz - entrou "a matar" no Governo de 2017-2022, rumo a um futuro diferente, criando, inclusive uma ruptura (pelo menos em discurso) com o passado de José Eduardo dos Santos. O que de facto não se percebe são as grandes boas intenções de João Lourenço, na medida em que aceitou vestir um casaco que era do antecessor que ele próprio condena. É de facto muito estranho que a condenação de João Lourenço a José Eduardo dos Santos está em tudo menos no que respeita a uma possível transparência de gestão do país. Não se percebe a razão objectiva de até hoje o Executivo de João Lourenço não prestar contas ao Parlamento, um casaco que já era de JES. Não se percebe - e agora vou à minha área de actuação - a razão objectiva de João Lourenço, no que a toca à verdade dos factos, de ser também o dono da regulação e supervisão dos órgãos privados e públicos de comunicação social, com respaldo na Lei de Imprensa que lhe dá o "casaco" de ser também "dono" da imprensa angolana, uma plena contradição com a própria liberdade de expressão, de informação e de imprensa que diz pretender ser maior, quando os órgãos públicos nunca poderão apontar falhas (ou crimes) à sua gestão, e partindo do pressuposto de que o regulador da imprensa que tem, de facto, responsabilidades, no que toca ao rigor, imparcialidade e isenção dos conteúdos é o Ministério da Comunicação Social e não a Entidade Reguladora da Comunicação Social Angolana (ERCA). Enquanto cidadão e jornalista falo, sem medo de errar, que João Lourenço é, de facto, mais um José Eduardo dos Santos, com apenas outros discursos. Se João Lourenço quisesse de facto ajudar este país a progredir, tinha de aceitar tirar o casaco da Comunicação Social, permitindo, com isso, que os órgãos públicos de comunicação social pudessem fazer jornalismo de investigação para divulgar eventuais práticas de má gestão do seu Executivo e até denúncias de crimes.
#Carlos Alberto
29.04.2019

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