Seis meses depois de ter dado o ‘sim’, Presidente da República recua no negócio de compra de aeronaves, justificando-se com a necessidade de apresentar um estudo mais elaborado. Governo já deveria ter pago 62,9 milhões de dólares, mas está com um atraso de 58,9 milhões. Construtora está decidida em ‘não abrir mão’ destes valores.
Cancelamento do contrato com a Boeing pode custar 62 milhões de dólares
A decisão de cancelar a compra dos aviões pode custar ao Estado 62,9 milhões de dólares, visto que a Boeing não se mostra disponível a abrir mão do valor a que tem direito, correspondente ao Pre-Delivery Payments.
A decisão de cancelar a compra dos aviões pode custar ao Estado 62,9 milhões de dólares, visto que a Boeing não se mostra disponível a abrir mão do valor a que tem direito, correspondente ao Pre-Delivery Payments.
O Presidente da República ordenou ao ministro das Finanças, em articulação com o ministro dos Transportes, a “dinamizar esforços junto dos vendedores e financiadores com vista a reverter todas as operações financeiras realizadas, bem como minimizar os danos financeiros e reputacionais para o Estado angolano”.
No entanto, fonte próxima da construtora norte-americana assegura que “o que já foi pago decerto não será devolvido” e que a companhia vai exigir a parte em falta. Ou seja, dos 62 milhões que já deviam ter sido pagos, o Governo só entregou perto de quatro milhões, estando em falta 59,8 milhões de dólares que “também serão exigidos em caso de se oficializar o cancelamento”.
A construtora garante já ter dispensado “bastantes recursos financeiros para começar a configurar os 787, dos quais os três primeiros têm entregas previstas para entre Outubro e Novembro deste ano”. Exemplifica que a Boeing, por esta altura, já contratou vários “fornecedores para os assentos e adaptação do interior das aeronaves, operações que implicam grandes esforços financeiros”.
A Boeing justifica-se ainda com o histórico até à assinatura do contrato, argumentando que foi fechado depois de quase dois anos de trabalho e “de tudo validado pelo Governo de Angola, através do Ministério dos Transportes e da TAAG” .
O contrato com a Boeing é referente à compra de seis aeronaves MAX e oito do tipo 787 que substituiriam as cinco aeronaves do tipo 737-700s e oito do tipo 777 e foi aprovado em Janeiro deste ano. Na altura, o Presidente da República também aprovou a negociação para a compra de aeronaves com a Bombardier.
Em despacho de 9 de Abril, João Lourenço justifica o recuo com a necessidade de se elaborar um estudo mais aprofundado com vista à implementação do plano de reestruturação e modernização da frota da TAAG.
A decisão é, no entanto, atribuída a uma pressão do FMI por várias fontes, que justificam o facto com o intervalo de pouco mais de três meses entre a aprovação da compra e o recuo agora. Por outro lado, o cancelamento da reestruturação da frota da TAAG indicia um atraso na adesão de Angola ao Mercado Único da Aviação, que também já recebeu ‘luz verde’ do Presidente, conforme noticiou o VALOR, com base em declarações do CEO da TAAG, Rui Carreira.
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