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O preço de ser professor em Angola, crônica de Damásio o Ninguém


 
Não encontro  coisa mais assustadora do que ver um professor "cima-baixo", sob o sol escaldante das 14h00, à procura de um centro de chineses para fazer a reprodução de documentos.
Cópia daqui, cópia dali, processo de lá, processo d'acolá, tudo na esperança de ver seus salários gordinhos.
Há situações em que a Entidade Empregadora pede que se autentique declarações; que se enviem certificados ao tal de INARESS, (deve ser um soba, não? Ninguém sabe!), facto que exige gastar muito dinheiro por parte de quem já ganha mal. Pior ainda, a tal entrega de documentos é frequente na Educação, sempre em vão, ou seja, documentos daqui e documentos de lá, tudo inútil.
Esse é o preço de se ter professor em Angola.
Não há transporte pessoal, por isso, é comum vermos os homens do giz abarrotados em autocarros públicos ou a percorrerem longas distâncias "à bute", ou seja, a pé.
Ser professor é assim: chegar à escola cheirando a calor, calças empoeiradas, e rosto esbranquiçado; vontade de trabalhar e aí ser ameaçado por alguém da elite... Entrar na sala e não encontrar um quadro em condições... Falar para mais de cem alunos por cinco horas, sem merecer sequer um copo d'água.
Sapatos gastos;
Camisas aos pedaços... Que pena!
Paga-se um preço em se ser professor em Angola.
Ganhar 49 mil, mas apanhar mais de seis táxis por dia... Deixar a esposa com o vizinho, por medo de ser kunanga... Ou ver salários reduzidos por causa das faltas, ao se preferir ficar com a família n'algumas vezes.
Têm fé de que algum dia as coisas vão mudar.
É esta a razão que os leva a entregar documentos para a actualização de suas categorias, ainda que isto exija fiar os pequenos dinheiros com os quais fazem fotocópias e acorram aos notários do país.
Não têm escolha: ou acreditam que as coisas vão mudar, ou viram kunangas num abrir e fechar de olhos.
Tudo na vida requer sactifício... requer pagar um preço, e o professorado não está isento disto.
TUDO A DEPENDER DE JOÃO LOURENÇO E SUA SUBORDINADA MARIA CÂNDIDA TEIXEIRA.
Yeah!

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