Luanda - O Procurador-Geral da República de Angola disse esta
semana, contar com o apoio da sociedade civil e dos serviços existentes
para levar avante o inquérito à gestão da Sonangol, devido à falta de
quadros capacitados para tal tarefa.
Fonte: LUSA
Hélder
Pitta Grós falava à imprensa à margem da cerimónia de abertura do ano
judicial 2018, presidida pelo chefe de Estado angolano, João Lourenço,
que hoje reafirmou no seu discurso que se pretende tornar a justiça
capaz de combater a corrupção, a impunidade e o nepotismo, contribuindo
assim para a moralização da sociedade.
O magistrado
apontou como principal desafio da PGR a formação dos seus quadros, de
forma a motivá-los "para os novos desafios", reconhecendo que "nem
sempre é fácil".
"Temos que dar formação aos nossos
magistrados para estarem com capacidade de darem solução à nova
situação", disse Hélder Pitta Grós.
Na semana passada, a
PGR anunciou em comunicado de imprensa que foi instaurado um inquérito
para investigar a denúncia pública da atual administração da Sonangol
sobre transferências monetárias alegadamente irregulares durante a
gestão de Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente de Angola, José
Eduardo dos Santos, na petrolífera estatal.
Segundo
Hélder Pitta Grós, essa investigação enquadra-se nos casos em que há
necessidade de quadros capacitados para esta tarefa.
"Mas temos que contar com a sociedade civil, com os serviços que
existem, para que haja um apoio especializado para conseguirmos levar
avante este inquérito, porque queremos que seja feito de uma forma
imparcial, de uma forma isenta e tendo em conta do que as partes
esgrimem os seus argumentos", referiu.
O PGR angolano
disse que os resultados desse inquérito serão anunciados, mas apenas
quando houver "a certeza das coisas, com uma certa segurança", para não
se colocar em causa "o bom nome das pessoas".
No seu
comunicado, a PGR referiu que o inquérito é dirigido pela Direção
Nacional de Prevenção e Combate à Corrupção e "encontra-se sob segredo
de Justiça".
O documento acrescentava que a PGR teve
conhecimento da situação através da denúncia pública feita, em
conferência de imprensa, pelo Presidente do Conselho de Administração da
petrolífera, Carlos Saturnino, sobre "transferências monetárias
irregulares ordenadas pela anterior administração da Sonangol e outros
procedimentos incorretos".
Sobre um inquérito ao Fundo
Soberano de Angola, quando era presidido por José Filomeno dos Santos,
também filho de José Eduardo dos Santos, Hélder Pitta Grós disse que se
verifica o mesmo que no inquérito à Sonangol.
"Esta é
uma questão que nos ultrapassa. Às vezes, as situações para a nossa
capacidade, temos que ir buscar apoios externos, neste momento está a
ser feito este trabalho, não diretamente por nós, porque não temos
capacidade para tal, mas há medidas que foram tomadas e que aguardamos
que haja resultados, que nos permitam depois dar continuidade ao
trabalho que está a ser feito", disse o PGR.
Em janeiro
deste ano, o ministro das Finanças, Archer Mangueira, disse que estava a
decorrer um diagnóstico à gestão dos Fundo Soberano de Angola (FSDEA),
mais tarde justificou a exoneração de José Filomeno dos Santos da
presidência do fundo com a "falta de transparência" detetada na
instituição.
Numa nota pública, o Ministério indicou que
a renovação na administração do FSDEA, decidida pelo Presidente
angolano, João Lourenço, aconteceu após uma "avaliação rigorosa", feita
com o apoio de uma consultoria internacional, "sobre a gestão, alocação
dos ativos e estrutura de governação corporativa" da instituição.
Aquele fundo gere ativos do Estado de 5.000 milhões de dólares e,
segundo o Ministério das Finanças, o diagnóstico realizado concluiu pela
"falta de transparência nos processos de contratação dos gestores de
ativos e prestadores de serviços" ao FSDA, apontando ainda "um risco
elevado resultante da exposição causada pelo volume de ativos que se
encontram sob gestão de apenas uma entidade externa".
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