Luanda - Os camponeses alegam que residem no espaço de quatro
hectares desde 1988, e sempre serviu como local de cultivo para o
sustento das suas famílias, pelo que não entendem à pretensão do padre
da igreja católica que “surgiu apenas em 2007 com a missão de
evangelizar às pessoas do bairro da Sapú2”.
Fonte: Club-k.net
O terreno em causa está localizado no bairro Sapú2, no Distrito Urbano
da Cidade Universitária, no município de Talatona, em Luanda. Os mais de
trinta camponeses relatam que, quando o referido bairro começou a ser
povoado por várias famílias oriundas de diversos pontos da cidade de
Luanda e não só, já lá estavam a desbravar a terra.
Entre as famílias que começaram a povoar o bairro, muitas delas eram
fiéis da igreja católica e que por falta de espaço para a realização de
culto de adoração, socorriam-se debaixo de um embandeiro plantado junto
aos charcos de água pelos camponeses no seu terreno. “Vendo a situação
dos membros, e sabendo que é uma igreja, então tivemos que permitir que
permitir que construísse um alpendre ao lado que não tem lagoa, mas não
era para construir uma igreja de bloco porque tínhamos cedidos apenas de
forma provisória”, disse Francisco Dembo que lamenta a invasão do
terreno.
Os mais de trinta camponeses que advogam serem donos do
espaço não entendem as motivações do padre da Igreja Católica,
identificado por Amadeu Katchiungua, da Paróquia de “Santa Tereza de
Jesus” de tudo fazer para se beneficiar do terreno por ter sido
facilitado na altura para que os seus membros passassem a fazer os seus
cultos dentro do terreno dos agricultores.
“Onde andou o
padre e a igreja católica quando essa parte toda era mata, quando
entulhávamos o terreno para hoje querer se apoderar de algo que não lhe
pertence?”, questiona dona Mimosa Alfredo Canongo, para quem “o padre
deve para com a vedação da parte do terreno, até porque nós já fizemos
um favor de dar à igreja um perímetro de 80/80 onde está construída a
capela”.
As vítimas acusam igualmente Manuel Paim,
ex-funcionário do Programa de Habitação Social (PHS) e actualmente Chefe
da Fiscalização da Administração do Distrito Urbano da Cidade
Universitária e os senhores identificados apenas por Anderson e Baptista
que estão a fazer a vedação da parte do terreno, de estarem a usar o
nome da administração local para “se apoderarem do especo que não é
deles”.
Os camponeses alegam ainda que o padre Amadeu
Katchiungua não está à agir de forma isoladas, pois tem o suporte do
Chefe Fiscalização da Administração da Cidade Universitária em conluio
com outros funcionários da mesma administração, bem como alguns
funcionário da administração municipal de Talatona, onde consta o nomes
de Malebo tido como chefe de campo e o Varanda chefe da fiscalização da
administração municipal de Talatona. Esse grupo, segundo lamentam os
camponeses, tem supostamente recebido apoio do comandante da polícia do
Distrito da Cidade Universitária “para quando se apoderarem do terreno e
ser vendido, receber também algum dinheiro”, desconfiam as vítimas.
Padre nega falar sobre o litígio
Contacto ao telefone, o prelado católico, supostamente envolvido no
litígio fundiário. Amadeu Katchiungua negou avançar detalhes, tendo dito
apenas que o terreno é propriedade da igreja católica e o documento de
titularidade terá sido assinado pelo antigo governador de Luanda, Higino
Carneiro. Com um tom meio “arrogante” o padre Amadeu Katchiungua disse
que “podem escrever o que quiserem não falo sobre o assunto”.
O Club-K sabe que o Administrador do Distrito da Cidade Universitário,
Antunes Huambo tem o domínio da situação, mas nada faz para resolver o
litígio que envolve as partes. Diante disso, os indefesos camponeses
entendem que Antunes Huambo estaria a ter “um silêncio conivente com os
invasores para fins inconfessos”.
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